Liberando o espírito animal
Segundo John Maynard Keynes no clássico Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936, Kindle 2591) Provavelmente, na maior parte dos casos, quando decidimos fazer algo positivo cujas consequências finais só produzem os seus efeitos depois de muito tempo, só o fazemos impelidos pelos espíritos animais — por um impulso espontâneo para agir, em vez de não fazer nada —, e não em consequência de uma média ponderada de benefícios quantitativos multiplicados pelas respectivas probabilidades quantitativas. O espírito animal, medido pelos índices de confiança, dita o comportamento das pessoas diante da incerteza.
No relatório mensal de outubro mencionamos que A escolha do Paulo Guedes para comandar a economia e as primeiras medidas ventiladas pelos jornais nos deixaram mais otimistas e confiantes na aceleração do crescimento nos próximos anos, ou seja, atiçou nosso espírito animal.
Os dados de confiança divulgados em novembro mostraram que não estamos sozinhos. Os índices do consumidor, de serviços, do comércio e da construção civil tiveram fortes altas e superaram as máximas de março. A confiança da indústria teve modesta melhora, interrompendo a tendência de queda.
Indicadores de confiança em um único gráfico. pic.twitter.com/TNYkCKBcLL
— Guilherme Foureaux (@Guigafour) 29 de novembro de 2018
Cortes na taxa de juros demoram 3 a 4 trimestres para surtir o efeito máximo na economia, segundo estudo do Credit Suisse. Passados 9 meses do fim do ciclo de cortes que levou a SELIC ao menor nível da história, a retomada da economia continua fraca em função da falta de confiança. Os dados de novembro indicaram que a redução das incertezas e a melhora nas perspectivas após as eleições impulsionaram a confiança. Diante deste quadro, aumentamos a alocação do fundo em Bolsa utilizando opções, como explicamos no Twitter do @FundoVersa. O espírito animal, pelo visto, é contagiante.
(1) No papo com a @levante_ideias explicamos que o Versa tem 3 atacantes: a exposição líquida do long & short, o descasamento de beta entre as duas carteiras e as opções. Como está cada um deles?https://t.co/Humfr9udV4
— Fundo Versa (@FundoVersa) 19 de novembro de 2018
(2) A Exposição líquida: a carteira comprada do Versa está em 190% do PL do fundo. A vendida à descoberto, -120%. Combinando, a exposição líquida do long & short está em 70%. Podemos ir de 0% a 100%, e alocados em 70% esse é um 3o atacante que também volta para ajudar na defesa.
— Fundo Versa (@FundoVersa) 19 de novembro de 2018
(3) O descasamento de Beta: o Beta da carteira long, comprada em ações sensíveis ao crescimento como construtoras e varejo é 1,25. Da carteira short, vendida em defensivas como elétricas e seguradoras é 0,66. O efeito combinado é um Beta de 0,60 (é a magia do long & short 🤫)
— Fundo Versa (@FundoVersa) 19 de novembro de 2018
(4) O descasamento de Beta aparece no resultado do fundo quando muda a aversão à risco do mercado. Quando fica mais animado/medroso, o long ganha/perde proporcionalmente mais que o short. O descasamento é o atacante da velocidade que pega a bola e parte pra cima em direção ao gol
— Fundo Versa (@FundoVersa) 19 de novembro de 2018
(5) As opções: esse é o atacante de 1,90m que vive na banheira. Começa no banco e entra em campo para pressionar no ataque. Não ajuda na defesa mas quando a bola chega nele, é gol. Atualmente estamos comprados nos 10% de prêmio que podemos, equivalente a 100% do PL
— Fundo Versa (@FundoVersa) 19 de novembro de 2018
(6) Resumindo, o Versa está com todos os atacantes resultando em um Beta de 1,80 e volatilidade de 54%. Com este time em campo vamos dar e tomar goleadas, mas é a melhor estratégia para esta etapa do campeonato na qual os adversários (fundamentos ruins) estão desgastados. pic.twitter.com/HXT3L72z3B
— Fundo Versa (@FundoVersa) 19 de novembro de 2018
Resultado
31-out-18 | 30-nov-18 | Variação | |
Versa | 5,449 | 6,071 | +11,4% |
Fit | 0,869 | 0,920 | +5,9% |
CDI aa | 6,4% | 6,4% | +0,5% |
Ibovespa | 87.421 | 89.504 | +2,4% |
Em novembro o livro comprado (long) do Versa subiu +9% enquanto o vendido à descoberto (short) subiu +5%. Ambos os livros performaram melhor que a Bolsa mas a diferença de beta prevaleceu. Ao longo do mês aumentamos a exposição em opções de bolsa majoritariamente através de opções de índice futuro com vencimento em fevereiro.
Livro | Posição Versa | P&L Versa | Posição Fit | P&L Fit |
Long | 196% | +17,7% | 101% | +8,9% |
Short | -122% | -6,0% | -65% | -3,2% |
Opç Bolsa | +82% | +1,2% | +42% | +0,5% |
Opç Dólar | -12% | -0,7% | -6% | -0,4% |
CDI | +0,5% | +0,5% | ||
Taxas | -0,3% | -0,3% | ||
Resultado | +11,4% | +5,9% |
A temporada de resultados do 3° trimestre, que terminou na primeira quinzena de novembro, influenciou o desempenho das ações. Iochpe foi destaque de alta da carteira após divulgar forte crescimento (+35%) das vendas impulsionado pela recuperação doméstica (+25%) e pela depreciação cambial nas operações internacionais (+39%), com destaque para as vendas de rodas de alumínio. Apesar das margens operacionais não terem expandido, a empresa continua a reduzir a alavancagem e aumentar o lucro. Hering continuou a subir após divulgar resultado acima das expectativas, que comentamos no relatório de outubro. O resultado da Locamérica mostrou o forte crescimento de receita e rentabilidade oriundos da fusão com a Unidas e das sinergias capturadas. Trisul divulgou outro ótimo resultado. Com margem líquida de 13,8% a Trisul foi segunda construtora com maior rentabilidade dentre as listadas*, perdendo apenas para a Tenda (14%) que constrói exclusivamente Minha-Casa-Minha-Vida, segmento com margens maiores que o média-alta renda tradicional. O resultado mostrou a assertividade dos projetos da Trisul e o forte controle de custos da empresa. Trisul é a ação mais barata da carteira pelo múltiplo preço/lucro (6x estimado para 2019), e o investimento de maior convicção no setor.
Δ Ação | Versa | Fit | |
MYPK3 | +25% | 4,7% | 2,4% |
HGTX3 | +14% | 3,4% | 1,8% |
LCAM3 | +11% | 2,4% | 1,2% |
TRIS3 | +16% | 1,8% | 0,9% |
SUZB3 | +8% | 1,8% | 0,9% |
VLID3 | +12% | 1,2% | 0,6% |
maiores ganhos em novembro
O resultado da Natura mostrou vendas mais fortes no Brasil e margens mais altas da The Body Shop do que esperados. Venda-direta é um modelo de negócio que costuma decair com o desenvolvimento econômico e social dos países, sendo substituído pelo varejo tradicional. Com a compra da The Body Shop e a abertura de lojas próprias, a Natura fez forte investimento no varejo, que vemos com ceticismo. Nos últimos anos o retorno sobre o capital investido da empresa despencou enquanto o endividamento cresceu para o maior patamar da história. Apesar disso as ações estão no mesmo valuation da época que a empresa tinha maiores rentabilidade e expectativa de crescimento, um contrassenso. Hoje o preço/lucro da Natura (24x para 2019) está próximo dos maiores preço/lucro que já negociou.
Δ Ação | Versa | Fit | |
NATU3 | +25% | -3,0% | -1,6% |
ENGI11 | +8% | -0,7% | -0,4% |
EQTL3 | +7% | -0,6% | -0,3% |
IRBR3 | +3% | -0,6% | -0,3% |
BRPR3 | -2% | -0,5% | -0,2% |
BTOW3 | +11% | -0,5% | -0,2% |
maiores perdas de novembro
*excluímos EZTEC da análise pois a margem líquida da empresa está distorcida em função da baixa receita de vendas e alta receita financeira.