Resultado Mensal (Setembro/23)

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Setembro foi mais um mês fraco para ativos ligados a juros no mundo, em especial para as ações do setor de tecnologia nos EUA e as ações dos setores de varejo, consumo e bancário aqui no Brasil. O vilão foi o mesmo de agosto: a “treasury” americana. A taxa do título de 10 anos dos EUA saltou de 4,09% no final de agosto para 4,57% no final de setembro, o maior nível desde julho/2007. Como escrito na carta do mês passado, as taxas dos títulos públicos americanos geralmente sobem quando há preocupações com: (1) superaquecimento da economia; ou (2) a situação fiscal do governo americano. A mídia financeira vem relatando notícias em torno de ambos fenômenos, citando tanto a “recessão que nunca vem” quanto o drama em torno do “shutdown” do governo americano por não conseguirem passar legislação orçamentária no congresso. Existe mérito em ambas hipóteses, principalmente naquela sobre o aquecimento da economia (não à toa o banco central americano agora imagina um aperto monetário mais longo que se esperava semanas atrás). Mas nossa visão é que o motivo principal da alta nessas taxas é mais simples do que isso. Acreditamos que as taxas mais altas refletem um descasamento de demanda e oferta por títulos em um momento de expansão fiscal (o governo americano emitindo títulos para fazer frente aos gastos aprovados nas leis de incentivo à infraestrutura e outros temas) e aperto monetário (o banco central americano vendendo títulos de volta para o sistema após comprá-los fervorosamente durante a pandemia). É como se o Tesouro americano e o FED estivessem competindo para vender títulos públicos ao mercado, os barateando e os deixando mais atraentes que ativos de risco como ações no processo. Achamos pouco provável que o mercado esteja vendo a resiliência da atividade econômica nos EUA como prenúncio de inflação alta por muito tempo. Se assim fosse, a “inflação implícita” nos títulos pré e pós-fixados do tesouro americano teria subido para refletir isso, o que não ocorreu. Também nos parece pouco provável que o mercado esteja perdendo a confiança na capacidade do governo americano se financiar, pois o dólar vem se fortalecendo contra as moedas emergentes. Investidores mundo afora estão sendo atraídos pelas taxas maiores e demandando dólares para participar, não o contrário.

Ao sugar a liquidez do sistema, esse movimento das treasuries tem sido um desafio para nós e para o mercado de renda variável em geral, em especial porque coincidiu com: (1) ruídos sobre o cumprimento das metas fiscais brasileiras estabelecidas no novo arcabouço fiscal (sancionado no final de agosto); e (2) uma retomada nos preços de algumas commodities como petróleo, minério de ferro e açúcar, que nada ajuda no ciclo de desinflação ainda incompleto no mundo e no Brasil. Ao longo das últimas semanas temos debatido internamente se as três coisas (taxas americanas, cenário fiscal brasileiro, commodities) viraram desafios de longo prazo diante dos quais precisaríamos mudar o posicionamento dos nossos fundos, ou se são desafios temporários e já suficientemente precificados nos ativos, o que favorece manutenção da exposição atual dos fundos. Acreditamos na segunda hipótese.

Sobre as taxas americanas, admitimos que o ciclo de aperto das condições financeiras nos EUA tem se mostrado mais longo que inicialmente esperado dado: (1) a resiliência da atividade econômica por lá; (2) a questão técnica sobre a oferta e demanda pelos títulos americanos; e até coisas mais específicas como (3) o fato do maior ativo da família americana (sua casa) quase não ter sentido a alta de juros devido à prevalência de juros fixos após a crise imobiliária de 2008. Dito isso, achamos que no longo prazo as condições financeiras deveriam voltar para o rumo pré-pandemia de juros baixos. Precisamos atravessar o ciclo atual de aperto das condições, e isso pode demorar mais que parecia dois meses atrás, mas isso não significa necessariamente que não chegaremos lá novamente.

Sobre o cenário fiscal brasileiro, ainda acreditamos que há espaço para os resultados primários serem melhores que atualmente esperados pelo mercado, devido à: (1) robustez da atividade econômica atual, que coloca o país em boas condições de crescimento após a queda dos juros no Brasil e lá fora, quando ela vier; (2) o fato da própria resiliência das commodities servir de impulso para a arrecadação; (3) a aparente determinação do ministério da fazenda em manter as metas rigorosas do arcabouço, mesmo que seja difícil entregá-las; e (4) a dinâmica virtuosa que a queda dos juros cria na trajetória de resultados fiscais e dívida pública.

A alta das commodities dificulta o ciclo atual de desinflação no mundo e no Brasil, mas ao contrário do ciclo de alta visto na pandemia quando estímulos monetários e fiscais no mundo inteiro as impulsionaram, hoje temos coisas específicas impactando algumas commodities, limitando o efeito inflacionário de longo prazo das mesmas. Em petróleo, temos uma guerra e cortes de produção na OPEP, mas a própria US Energy Information Administration estima que teremos aumento de oferta vindo de países como EUA, Canadá e Brasil ajudando o balanço de oferta e demanda de petróleo em 2024. Sobre a China (e o minério), temos uma produção de aço mais alta do que o esperado neste final de 2023, inflando a demanda por minério de ferro, mas os altos fornos por lá estão próximo da capacidade máxima. Isso limita pressões adicionais à frente. E sobre o açúcar, temos problemas climáticos na Índia e Tailândia impactando a produção de açúcar por lá, mas esses provavelmente são temporários, como de praxe no setor de agricultura.

Por esses motivos, acreditamos que o adequado é manter os fundos posicionados como atualmente: investidos ainda em uma carteira de ações razoavelmente ligadas a juros, com pouco peso de empresas de commodities (em especial quando comparada ao índice bovespa). Sabemos que os últimos dois meses foram difíceis para os cotistas e estamos empenhados em deixar o fundo com o melhor posicionamento possível para recuperação das cotas.

Resultado do Versa Institucional FIA (nossa principal carteira de ações)

Nossa carteira de ações long teve queda de -5,6% em setembro, contra uma alta de +0,7% para o Ibovespa. O Ibovespa foi impulsionado por empresas de commodities que não temos em nosso portfólio, como Petrobras e Vale. As maiores perdas da carteira do Versa Institucional FIA foram BR Partners (que precificou uma oferta de ações em setembro), Multilaser, Guararapes e Grupo Soma.

Institucional FIA
+Posição Long-5,38%
+Caixa e custos-0,18%
=Total-5,57%
-Benchmark (Ibov)0,71%
=Excesso Benchmark-6,28%
Destaques do mês- Institucional FIA
MaioresContribuiçãoMenoresContribuição
Vittia0,28%BR Partners-1,92%
Banco do Brasil0,07%Multilaser-1,15%
Neoenergia0,06%Guararapes-0,83%
Trisul0,04%Grupo Soma-0,49%
Vulcabras0,02%Moura Dubeux-0,48%

Resultado dos fundos Long-Biased (carteira de ações mais alavancagem)

Nossos fundos long-biased, cujo desempenho é uma função da carteira do Institucional + alavancagem, sofreram em setembro. O Versa caiu -10,8% e o Fit teve queda de -9,4%.

Fit Long Biased
Carteira long (Institucional)-5,57%
x
Alavancagem1,73
+Posição Long-11,21%
Carteira short (Bova11)-2,0%
x
Alavancagem short-0,25
=
+Posição Short0,51%
+Hedge0,39%
+Financiamento, Caixa e Custos0,88%
=Total-9,43%
-Benchmark (CDI)0,97%
=Excesso Benchmark-10,40%
Versa Long Biased
Carteira long (Institucional)-5,57%
x
Alavancagem2,00
+Posição Long-13,03%
Carteira short (Bova11)16,8%
x
Alavancagem short0,04
=
+Posição Short0,67%
+Hedge0,64%
+Financiamento, Caixa e Custos0,91%
=Total-10,80%
-Benchmark (CDI)0,97%
=Excesso Benchmark-11,77%

Resultado do fundo Versa Genesis (outra carteira de ações com perfil de renda recorrente + alavancagem)

O Versa Gênesis foi o único fundo da casa com desempenho positivo no mês (+2,5%). É curioso que um fundo baseado em ativos de renda recorrente tenha tido bom desempenho em um mês em que o juros de 10 anos no Brasil subiu de 11,1% para 11,8%. 

Acontece que eventos específicos têm impactado positivamente  as empresas na carteira do Gênesis: 

No caso das empresas de telecomunicações (TIM e Vivo), os resultados vêm surpreendendo positivamente após a absorção da Oi pelas empresas remanescentes do setor. Isso vem favorecendo as ações dessas empresas como veículos de renda fixa num momento desafiador para os títulos públicos. Além disso, o Conselho Diretor da Anatel aprovou no dia 15 de setembro o pedido de anuência prévia para que a Vivo efetue uma redução de capital de R$5 bilhões, o que foi visto de forma positiva pelo mercado já que permitirá que a empresa distribua toda sua geração de caixa para os acionistas nos próximos anos. 

No setor de Utilities o Ministério de Minas e Energia enviou a proposta para a renovação das concessões de distribuição. Apesar das discussões sobre valor excedente das concessões e retirada de benefícios fiscais para algumas concessões, o texto final não contou com nenhum desses mecanismos, permitindo assim que as concessões de distribuição sejam renovadas por mais 30 anos sem onerosidade. Isso levou a um desempenho positivo das empresas de distribuição de energia elétrica no nosso portfólio como Neoenergia e Energisa. Continuamos com um portfólio de utilities com alta exposição ao setor de distribuição e praticamente sem exposição ao setor de geração devido a nosso pessimismo sobre os preços de energia de longo prazo.  

As maiores posições na carteira atualmente são Ecorodovias, Allos (antiga Aliansce), Neoenergia, Energisa e Sabesp.

Genesis
Carteira long1,87%
x
Alavancagem1,87
=
+Posição Long3,46%
+Financiamento, Caixa e Custos-0,93%
=Total2,53%
-Benchmark (IPCA +YIMA-B)0,69%
=Excesso Benchmark1,84%
Destaques do mês - Genesis
MaioresContribuiçãoMenoresContribuição
EcoRodovias0,81%Aliansce-0,25%
Sabesp0,78%Copasa-0,19%
TIM0,57%CPFL Energia-0,19%
Telefonica Brasil0,49%Cemig0,23%
Copel0,44%Neoenergia0,23%

Resultado do fundo macro Versa Tracker

O Versa Tracker caiu -7,4% no mês, impactado principalmente pela abertura da curva de juros pré-fixada no Brasil.

Tracker
+Bolsa-1,12%
+Macro-7,31%
+Hedge0,21%
+Caixa e Custos0,86%
=Total-7,35%
-Benchmark (CDI)0,97%
=Excesso Benchmark-8,33%

Agradecemos a confiança depositada.

Atenciosamente,

Equipe Versa

Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.