Novembro foi um mês de recuperação para ativos de risco mundialmente. O avanço no desenvolvimento de vacinas contra covid-19 trouxe a percepção que o vírus será contido ao longo dos próximos meses, permitindo continuação do lento processo de reabertura da economia mundial. Nos EUA Joe Biden venceu a eleição presidencial e o partido republicano (provavelmente) manteve o controle no Senado. Com isso o mundo acumulou uma série de motivos para otimismo: (1) grande estímulo monetário e fiscal nas principais economias do mundo; (2) uma chance menor de exageros nos eventuais aumentos de impostos e gastos públicos nos EUA durante o governo Biden, que terá de convencer um senado republicano; e (3) a possível imunização da população ao longo dos próximos meses evitando novas restrições de mobilidade e atividade econômica para combater o vírus.
O principal índice de ações americano (S&P 500) subiu +10,7% no mês. O petróleo, diretamente ligado à atividade econômica, teve alta de +26,7%. Aqui no Brasil o índice Bovespa subiu +15,9%. Medida em dólares a alta da bolsa brasileira foi melhor ainda (+23,8%) apoiada pela valorização da moeda brasileira frente ao dólar.
Os fundos da casa surfaram bem a onda positiva com alta de +58,8%, +26,1%, +16,2% e +13,6% para o Versa, o Fit, o Charger e o Tracker, respectivamente. Todos os fundos se beneficiaram da alta da carteira comprada em ações. Com exceção do Charger, nosso fundo long-only que tem só ações, todos ganharam também com a queda do dólar.
Resultado Fundos
Estratégia Versa LB FIM e Fit LB FIM
Estratégia Tracker FIM
Estratégia Charger FIA
Destaques Positivos
A queda do dólar foi o principal ganho da carteira do Versa. Como bem dito na última carta semanal pelo Tarik, economista-chefe da Versa, nosso modelo teórico indica um valor “justo” para o dólar perto de ~4,35/USD. A moeda americana fechou novembro em 5,33, uma queda de -7,14% para o mês. Para atingir o seu valor justo o dólar teria que cair mais -18,4% frente seu fechamento em novembro. Acreditamos que o caminho para que isso aconteça envolve a retomada da agenda de reformas, necessárias para garantir a boa trajetória do endividamento público à frente.
O próximo destaque positivo foram as ações da BR Properties que subiram +20,9% no mês seguindo o otimismo geral do mercado e respondendo ao bom resultado do 3º trimestre reportado pela Cia.
Em seguida destacaram-se os bancos Bradesco e Itaú. As ações subiram +19,5% e +17,0% respectivamente, dando continuação à recuperação iniciada em outubro. Como comentemos em diversas cartas anteriores, as ações do setor bancário regiram exageradamente aos impactos do coronavírus sobre a economia, tanto no Brasil quanto lá fora. Em tempos normais bancos tendem a perder rentabilidade quando há uma combinação de juros baixos e atividade econômica reprimida. É o pior ponto do business cycle para os bancos. Acreditamos desde o início que a pandemia castigou menos os bancos que os business cycles fracos anteriores, e as ações sofreram mais que o negócio. Com as boas notícias em relação a vacinas e o potencial retorno de um ciclo positivo para bancos, as ações tiveram bom desempenho. Acreditamos na continuação da recuperação por isso mantivemos a exposição comprada nos bancos Bradesco e Itaú.
O último destaque positivo de novembro foi a ação da General Motors. A empresa divulgou bons resultados para o 3º trimestre no início do mês, com: (1) lucro operacional recorrente na américa do norte crescendo +10% em comparação com o 3T19; (2) melhorias na operação internacional que, pela primeira vez em muitos trimestres, não trouxe prejuízo para o todo; e (3) um resultado fantástico na operação financeira da GM levantada pelo aumento dos preços de carros usados nos EUA.
Aproveitando a forte recuperação nos resultados no 3º trimestre a empresa anunciou que irá acelerar seu plano de investimentos para melhorar seu portfolio de veículos elétricos. Até 2025 a GM vai investir US$27 bilhões na empreitada (de US$20 bilhões no plano anterior) lançando 30 modelos de veículos elétricos mundialmente. A empresa anunciou no dia 19/nov que a primeira geração do seu sistema de bateria (Ultium) em breve atingirá um custo de ~US$100/kwh. De acordo com a consultoria McKinsey esse é o custo de paridade com carros movidos a motores de combustão interna. Até 2025 a 2a geração do Ultium deve trazer uma redução adicional de custo de ~20% deixando os veículos elétricos da GM com custo mais competitivo que os veículos tradicionais. Com isso apresentaram uma meta ambiciosa de conquistar a posição #1 em participação de mercado em veículos elétricos na América do Norte (um recado claro para a Tesla).
Além de acelerar seu plano para veículos elétricos, a GM está otimizando seu modelo de negócios para um mundo com carros autônomos e conectados. No futuro ela deixará de ser uma empresa que só produz e vende veículos (volume x preço) para se tornar uma empresa que também agrega serviços relacionados ao uso do veículo. A lista de negócios pretendidos inclui:
- Direção autônoma SuperCruise
- Cruise Origin: um serviço de carona 100% autônomo e elétrico
- Seguro auto com uso de dados coletados sobre os hábitos do motorista
- Gestão de frotas de veículos elétricos
- Infraestrutura e tecnologia de recarga para veículos elétricos
A evolução é crucial para a nossa tese de investimento em GM
Destaques Negativos
Como esperado para um mês de alta generalizada na bolsa, os destaques negativos vieram da carteira vendida à descoberto, representada pelas ações das empresas Brasil Foods, B3, Suzano, Hapvida e Natura.
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