Resultado Mensal (Mar/21)

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O mercado global de ações teve mais um mês positivo em março. Nos EUA, os índices S&P 500 e Dow Jones subiram +4,2% e +6,6%, respectivamente. Ambos índices estão praticamente em níveis recordes. O Nasdaq fechou o mês na estabilidade. O desempenho melhor do S&P e Dow reflete novamente a trajetória da taxa do título público americano de 10 anos, que subiu ~33 pontos base em março. A taxa de juros americana de longo prazo caiu bastante durante a pandemia, favorecendo ações de empresas com forte perspectiva de crescimento, as chamadas “growth stocks”. Como a maior parte do retorno potencial aos acionistas das “growth stocks” está no futuro, o preço dessas ações tende a ser inversamente correlacionado à taxa de retorno dos títulos públicos. Quanto menor o retorno disponível no ativo de baixo risco (títulos públicos), maior é a disposição do investidor em se expor a ativos de maior risco (growth stocks). Com o aparente sucesso do programa de vacinação americano, uma perspectiva de maiores gastos públicos e a reaceleração da economia por lá, o movimento de queda das taxas dos títulos públicos + alta das ações de empresas de tecnologia (preponderantes no Nasdaq) está se revertendo. Isso favorece empresas com negócios tradicionais/cíclicos. Nos fundos da Versa, capturamos um pedaço desse fenômeno pelo nosso investimento nas ações da General Motors, que subiram +12% em março.

Aqui no Brasil o Ibovespa interrompeu a sequência negativa de janeiro e fevereiro e teve alta de +6,00%. A moeda brasileira teve mais um mẽs de desempenho fraco, perdendo -0,6% em relação ao dólar americano. O recrudescimento da pandemia no Brasil nas últimas semanas continua prejudicando o ambiente político, com consequências negativas para o cenário fiscal, as relações institucionais e a governabilidade. Levada pelo ambiente externo favorável, pelo avanço (lento) da vacinação e pela aparente melhora do mercado de trabalho nos últimos meses, a bolsa conseguiu um mês de respiro.

Os fundos da Versa se beneficiaram deste ambiente. Tivemos altas de +13,9%, +7,4%, +1,6% e +7,5% nos fundos Versa, Fit, Tracker e Charger, respectivamente. Os maiores ganhos do mês vieram da carteira de ações compradas, com destaque para as ações da JBS, BR Properties, Hering, Guararapes, General Motors e Braskem (mais abaixo), entre outras.

Seguimos investidos na tese da reabertura, com os principais fundos focados em setores que foram prejudicados pela pandemia (varejo, construção, lajes comerciais). Em bolsa, esses ativos negociam a valores que refletem pessimismo excessivo com a perpetuidade dos negócios, o que para nós não faz sentido. O caso americano nos mostra que a vacinação bem sucedida é possível, mesmo que no caso brasileiro ela seja mais lenta que o desejado. Apesar dos desafios da pandemia, todas as empresas em que investimos resistiram bem até aqui. Muitas inclusive aceleraram melhorias e sairão mais fortalecidas no momento da reabertura da economia (Hering, Lojas Marisa). Encontrarão, em que pese, uma combinação de crescimento externo farto, liquidez abundante, aumento de mobilidade e maior competitividade brasileira perante aos seus parceiros comerciais (devido ao câmbio desvalorizado).

Seguimos relativamente mais otimistas com a atividade econômica este ano. Para o curto prazo, nossos modelos de acompanhamento em tempo real do PIB têm apontado crescimento significativo no início do ano. Mesmo com a piora mais recente da mobilidade, esperamos que o PIB cresça entre +0,5% e 1,0% no 1º trimestre, enquanto o consenso dos economistas parece esperar uma queda em torno de -0,5%.

Por último, vale ressaltar uma estreia nas carteiras dos fundos da Versa: as ações da Braskem. A Braskem enfrentou uma série de “incêndios” nos últimos anos. Em 2018, a empresa foi apontada como responsável por um afundamento de solo que desabrigou até 25 mil pessoas no estado de Alagoas, evento que culminou na suspensão de suas operações na região e gerou um passivo bilionário em multas e reparações. Ela também foi envolvida no processo de recuperação judicial da Atvos, subsidiária da construtora Odebrecht (um dos acionistas controladores da Braskem), uma confusão que por fim interrompeu a venda da Braskem a uma concorrente holandesa em 2019. Em 2020, a empresa enfrentou interrupções em suas operações no México após desentendimentos com fornecedores de etano e gás natural na região. Após sobreviver a esses desafios, a Braskem se encontra em outra situação hoje. A pandemia trouxe um descasamento favorável na dinâmica de oferta e demanda por produtos plásticos. A demanda aumentou, irrigada por estímulos fiscais e monetários. A oferta foi reprimida pelas medidas de segurança relacionadas ao covid-19. Com isso, os spreads petroquímicos (diferença entre o preço final dos produtos e seus custos de produção) saíram da lama em que se encontravam antes da pandemia e atingiram níveis historicamente altos. Por ser um negócio de receita dolarizada, sua rentabilidade em reais cresceu mais ainda. Foi de repente, mas o ambiente melhorou e muito para a Braskem, de tal forma que seu potencial gerador de caixa no curto e médio prazo nos dê confiança de que a empresa terminará o ano com um balanço robusto (impressionante para uma empresa que até pouco tempo atrás estava bastante alavancada). Com o novo patamar de geração de caixa da Braskem, podemos dizer que suas ações ficaram baratas. Se usarmos o 4º trimestre como base para estimar o potencial de geração de caixa anual da Braskem, a empresa estaria gerando um free cash flow yield de ~30%. Sua alavancagem, que terminou o ano em 4,0x, terminaria o ano abaixo de 2,0x, se beneficiando tanto do aumento do denominador (EBITDA) quanto pela redução da dívida líquida.  É uma redução importante no risco de solvência da Cia, que com o tempo voltará a ter condições de pagar bons proventos aos acionistas, justificando um re-rating nas suas ações e eventualmente reanimando a discussão sobre a venda da Cia para um investidor estratégico.

Disponibilizamos mais detalhes sobre os principais ganhos e perdas do mês nas tabelas.

Agradecemos a confiança depositada,

Equipe Versa

Resultado dos Fundos

Atribuição de Performance

Destaques positivos

Destaques negativos

Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.