Carta Mensal
No final do mês de janeiro os ativos de risco nos principais mercados financeiros do mundo foram contaminados pelo surto do novo coronavírus (2019-cCoV). O vírus, que pôs em cheque o ambiente favorável do final de 2019, foi relatado pela primeira vez em dezembro/19 na cidade chinesa de Wuhan. Até o momento da escrita dessa carta a organização mundial de saúde havia confirmado >20 mil casos e >400 mortes por coronavírus, a grande maioria dentro de território chinês. O vírus levantou anseios sobre o ambiente econômico chinês e mundial pela velocidade de contágio e incerteza acerca do tratamento e cura. O principal índice de ações americano (S&P 500), que chegou a acumular alta de +3% na primeira quinzena de janeiro, fechou o mês com queda de -0,20%. No Brasil, o índice Bovespa teve queda de -1,6% e o dólar subiu +6,26%, fechando o mês em 4,28 BRL/USD. Os fundos da casa sofreram principalmente pelo desempenho negativo do livro comprado em ações, com impactos nefastos também no livro vendido a descoberto e na estratégia cambial. O Versa LB FIM caiu -16,2%. O Versa Fit LB FIM teve queda de -9,1%. O Versa Tracker FIM caiu -3,4%. O Versa Charger FIA (long-only) caiu -2,7%.
Resultados Fundos
Estratégias do Versa LB FIM e Fit LB FIM
Estratégia do Versa Charger FIA
Estratégia do Versa Tracker FIM
Destaques Positivos
Apesar de janeiro ter sido um mês negativo para ações em geral, tivemos casos isolados de desempenho positivo. Começando pela Via-Varejo: as ações subiram +25,3%, estendendo a alta que iniciou em Nov/19. A Via-Varejo trás hoje uma mistura entre: (1) recuperação interna: a empresa vem mudando seus processos para ganhar a eficiência em seus diversos canais de venda, além de melhorias em suas práticas trabalhistas; e (2) ligação à aceleração da atividade econômica brasileira diante da queda de juros.
Também ligadas à recuperação econômica/queda de juros, a BR Properties e Trisul tiveram outro mês positivo em janeiro, com alta de +7,5% e +6,5% nas suas ações, respectivamente.
As ações da Unidas subiram +4,0% em janeiro, novamente refletindo o apetite do mercado em participar do forte crescimento do negócio de aluguel de veículos. O setor, e a Unidas, foram destaques de crescimento no final da última recessão brasileira, e são bons candidatos para melhores resultados quando a economia de fato decolar.
O último destaque positivo fica com nossa posição vendida a descoberto em contratos de BOVA11. Lembrando que a posição vendida em BOVA11 visa, antes de mais nada, financia uma maior exposição comprada na carteira de ações preferidas da casa nos fundos Versa LB, Versa Fit e Versa Tracker.
Destaques Negativos
Do lado negativo, destacamos Hering, SLC Agrícola, Natura, Magazine Luiza e Weg. As ações da Hering sofreram com a divulgação de um ritmo de vendas pior que o esperado (-5% a/a) em sua prévia de resultados para o 4o trimestre de 2019. A empresa teve um fraco desempenho em dezembro, mês importante para o resultado do trimestre. O desafio no trimestre foi o canal multi-marca, que amargou redução de vendas de -13% a/a. Seguimos confiantes no processo de turn-around sendo tocado pela diretoria da Hering. O processo de recuperação das operações é lento e complexo, mas vem evoluindo. Esperamos melhores resultados nos próximos trimestres.
A SLC Agrícola foi a segunda maior perda no mês. As ações caíram -8,2% antecipando o impacto de uma desaceleração do consumo chinês diante do surto do coronavírus. Mantemos a posição comprada nas ações mirando um importante vetor de geração de valor para a Cia: a recuperação da cadeia de proteínas (consumidora de soja e milho) dentro e fora da China após o surto de peste suína africana em 2018.
Os outros destaques negativos vieram de ações vendidas a descoberto que tiveram desempenho excepcional no mês. Foram os casos das: (1) Natura, que divulgou premissas otimistas para sinergias entre seu negócio e a recém-adquirida Avon; (2) Magazine Luiza, que assim como a Via-Varejo, se beneficia diretamente de um ambiente econômico favorável no Brasil; e (3) Weg, empresa de qualidade e candidata natural para alocação por investidores buscando safe havens em períodos de maior aversão à risco global.
Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.