Fevereiro/2020 foi um mês histórico para o mercado financeiro mundialmente. O principal índice de ações dos EUA (S&P 500) caiu -8,41%. Do pico atingido em 19/2 até o fechamento do mês a queda foi de -12,8%. Nos últimos 93 anos, o índice teve queda mensal igual ou maior que -8,4% 47 vezes. Dessas, 18 foram durante a grande depressão (1929-1934). Dos 1.021 meses no período pós grande depressão, houve somente 29 meses com queda semelhante. O último foi dezembro/2018, diante de anseios em torno da guerra comercial entre EUA x China. Antes disso, havia quase uma década desde a última queda parecida, em fevereiro/2009, durante a crise financeira.
O motivo chama-se “2019-ncov” ou novo Coronavírus. Desde nossa última carta mensal, o número de infectados mundialmente saltou de ~20 mil para mais de 125 mil. O número de mortos subiu de ~400 para mais de 4,6 mil. Os números parecem baixos frente ao impacto de outras doenças como a gripe comum, que mata 300 mil a 650 mil pessoas por ano. Mas isso não significa que o vírus é insignificante para a economia mundial. A incerteza acerca da contagiabilidade do vírus obriga países a tomarem medidas de contenção (quarentena) para estancar o contágio e poupar recursos hospitalares escassos até que se tenha uma solução permanente (vacina). Tais medidas causam choques de oferta e demanda que podem impactar de forma relevante o crescimento econômico e a saúde financeira de empresas mundo afora. Mais detalhes sobre isso em nossa última carta macro.
Esse pano de fundo explica o movimento atípico para ativos de risco em fevereiro, e o Brasil não foi poupado. O índice Bovespa caiu -8,4% em fevereiro. Dos fundos da casa, o único contaminado foi nosso fundo long-only Charger. Nesta estratégia não usamos derivativos nem vendemos ações a descoberto, por isso o fundo é apenas uma carteira de ações com pelo menos 67% do patrimônio investido a todo momento. Como cenários de risco sistêmico trazem impactos generalizados para ações, dificilmente um fundo long-only com essa estratégia sairia ileso. Os outros fundos da gestora tiveram desempenho positivo, levados por uma importante “puxada do freio de mão” que fizemos no início do mês (posição de hedge em contratos futuros das bolsas americana e brasileira). O Versa subiu +18,5%. O Fit subiu +9,3%. O Tracker subiu +1,9%. Mais detalhes sobre como defendemos a carteira no artigo do Luiz.
Resultados Fundos
Estratégias do Versa LB FIM e Fit LB FIM
Estratégia do Versa Charger FIA
Estratégia do Versa Tracker FIM
Destaques Positivos
O maior ganho do mês veio da posição vendida em S&P futuro, posição montada como proteção (hedge) da carteira diante do avanço do coronavírus. Os dois destaques seguintes vieram das posições vendidas em instrumentos ligados ao índice Bovespa: a posição vendida em contratos de índice futuro INDJ20 e a posição vendida no ETF BOVA11. Em seguida vieram as posições vendidas a descoberto em IRB (IRBR3) e Ultrapar (UGPA3), impactadas pelo pessimismo geral do mercado no mês.
Destaques Negativos
Quando montamos a proteção de carteira, mantivemos nossas posições compradas em ações que causaram fortes perdas. Foram elas a BR Properties (BRPR3), Hering (HGTX3), SLC Agrícola (SLCE3), Trisul (TRIS3) e Vale (VALE3). Todas essas empresas são vulneráveis a risco sistêmico e econômico global, como o coronavírus, e as ações responderam de acordo. Em um horizonte mais longo, onde vislumbramos uma resolução dos desafios de curto prazo relacionados ao coronavírus, seguimos confiantes em cada tese de investimento na carteira comprada em ações.
Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.