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O mês de dezembro foi positivo para as bolsas mundiais. Os dados de atividade econômica mundialmente seguem fortes. Além disso, o mercado continua ignorando a perspectiva de que em algum momento o banco central americano deverá reduzir os enormes estímulos monetários usados para combater os efeitos econômicos da pandemia. O S&P 500, principal índice de ações nos EUA, subiu +4,4% em dezembro para fechar o ano de 2021 com alta de +26,9%. Aqui no Brasil, o índice bovespa subiu +2,9%, terminando “bem” o que afinal foi um ano fraco para a bolsa brasileira: -11,9% em 2021. No último ano, dentre os principais mercados, o Brasil teve a maior alta de juros e a mais aguda queda do mercado acionário. Nossa antiga doença (a inflação) reapareceu e tomamos logo uma dose dupla do remédio amargo para contê-la, o aperto monetário. O aperto monetário serve para conter a inflação mas também reduz fortemente o ambiente para investimento e consumo. Impacta em cheio o apetite a risco dos agentes econômicos. A bolsa de valores é a representação completa e imediata dessa piora do ambiente econômico, que hoje se reflete nos preços.
Iniciamos então 2022 com a maior discrepância de valor da bolsa brasileira em relação às bolsas mundiais desde 2002. Retrocedemos 20 anos. O gráfico abaixo exemplifica isso ao mostrar a bolsa brasileira em dólares (EWZ) dividida pela bolsa americana (S&P 500). Quem vê esse gráfico pode imaginar que os lucros das empresas brasileiras em relação às americanas caiu drasticamente também. Não é verdade. O múltiplo Preço/Lucro do Ibovespa está -26% abaixo de sua média histórica. O mesmo múltiplo para o S&P está +31% acima de sua média histórica.
Figura 1: Índice bovespa em dólares vs. S&P 500
Fonte: Bloomberg
Ou seja, a queda da bolsa brasileira não foi resultado de queda de lucros. Foi o resultado combinado de aumento dos prêmios de risco pela incerteza política juntamente com o forte aperto monetário do BC (o gráfico acima ainda contempla o impacto da desvalorização do real). Aqui na Versa continuamos com a visão de que: (1) o aperto monetário brasileiro foi exagerado; e (2) em algum momento os juros devem ceder novamente, mesmo que não voltem para os níveis baixos do início de 2021. Para que isso aconteça, precisamos ver os impactos do aperto monetário na atividade econômica e na inflação. Ao contrário do impacto “imediato” que acontece na bolsa, esse pode demorar meses, mas acreditamos que virá.
Nos EUA, foi o inverso. A alta da bolsa americana foi além da alta dos lucros das empresas. Acreditamos que o motivo principal é a lentidão do banco central americano em ajustar a política monetária usada durante a pandemia. No início da pandemia, o Fed foi obrigado a combater forças deflacionárias vindas do isolamento social com queda de juros. Foi-se o isolamento social, veio a recuperação econômica/inflação, e os juros seguem baixos. Nesse cenário de “growth-flation”, com frequentes relatos de desabastecimento, atividade forte, falta de mão de obra, acreditamos que seja muito difícil o Fed manter por muito tempo os estímulos.
Resumidamente, achamos insustentável a dicotomia entre a bolsa brasileira e a bolsa americana.
Começamos a carta mensal de dezembro com essa resenha para explicar um item importante do desempenho dos fundos Versa e Versa Fit no último mês. Esses são nossos fundos long-biased. A construção desses fundos se dá com a carteira do Charger, nosso fundo long-only, acrescido de alavancagem financiada por posições vendidas em BOVA11. Por vezes, complementamos essa posição vendida quando enxergamos oportunidades no mercado. Foi o que fizemos no início de 2020, antecipando a queda das bolsas globais diante do avanço da covid-19. É o que estamos fazendo agora. Nos fundos long-biased montamos uma posição vendida a descoberto em contratos futuros do índice S&P 500. O motivo é explicado acima. Em dezembro, essa posição causou perda de -4,0% e -2,0% nos fundos Versa e Versa Fit, respectivamente, causando uma situação rara em que o desempenho dos long-biased (Versa +2,0% no mês, Fit +2,3% no mês) fica inferior ao desempenho da carteira de ações core (o Charger, que bateu o Ibov com alta de +4,6% em dezembro).
Performance dos fundos
Em dezembro, os destaques positivos da carteira de ações core foram Sabesp, Petrobras, Multilaser, Lojas Marisa e Grupo Vittia. Os destaques negativos foram BR Partners, Grupo Soma e Banco Bradesco. Terminamos o mês com alta de +2,0%, +2,3%, +13,4% e +4,6% nos fundos Versa, Fit, Tracker e Charger, respectivamente.
Agradecemos a confiança depositada.
Equipe Versa
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Resultado dos Fundos
Atribuição de Performance
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Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.