As bolsas finalizaram 2020 apontando para cima. No mês o S&P 500 subiu +3,71% para fechar o ano com alta de +16,26%. O índice bovespa subiu +9,30% em dezembro, permitindo fechar o ano com rentabilidade levemente positiva (+2,92%). Devido à desvalorização do real, a bolsa brasileira teve rentabilidade negativa no ano quando medida em dólares (-20,35%) mesmo após um bom desempenho em dezembro (+11,49%).
Na Versa, nossos principais fundos (Versa LB FIM e Versa Fit LB FIM) ficaram praticamente estáveis no mês (detalhes abaixo), e fecharam o ano rendendo +83,8% e +48,9% respectivamente. Os fundos da casa com menor patrimônio líquido, Versa Tracker e Versa Charger, subiram +8,4% e +1,6% no mês, terminando o ano com rentabilidade de +25,9% e +2,1% respectivamente.
Amparadas por estímulos monetários/fiscais sem precedentes e uma potencial imunização da população nos próximos meses, as bolsas mais do que recuperaram as perdas sofridas no início do ano. Não só isso, o noticiário econômico das últimas semanas de 2020 trouxe pontos de otimismo impensáveis meses atrás:
(1) há uma recuperação vertiginosa na atividade industrial nas principais regiões do mundo. Nos EUA, Europa, China e Brasil os índices de manufatura (PMI) indicam crescimento mais forte que aquele visto antes do início da pandemia;
(2) há quem diga que estamos em um novo “superciclo” de commodities, classe de ativos ligada à atividade produtiva e a momentos de dólar fraco. Dessa vez, os impulsos do lado da demanda foram exacerbados por um factory freeze no auge da primeira onda da pandemia. O preço do minério de ferro subiu +70% em 2020, com aumento da produção de aço na China e problemas operacionais para alguns produtores importantes de minério, como a própria Vale. A soja subiu +35% com a recuperação do rebanho chinês de porcos e problemas na última safra americana (veja nossa tese de investimento sobre o assunto nesse artigo de Maio/2019). O aço e o cobre subiram +26% e +24%, respectivamente, ambos puxados pelo aquecido setor de construção civil. O petróleo é uma das únicas commodities cujo preço ainda não atingiu os níveis pré-coronavírus, mas os dados de estoque global de produtos petrolíferos indicam que esse momento pode estar se aproximando;
(3) nos EUA, a combinação de estímulo monetário duradouro (até ~2023) e um novo regime fiscal (governo Biden) sugere que esse cenário não acaba tão cedo. A lógica é que a enorme impressão de dinheiro pelo banco central americano pode, além de contribuir à demanda agregada, causar a desvalorização do dólar. Quando o dólar enfraquece, países consumidores de commodities cujas moedas se valorizam em relação ao dólar ficam “mais ricos” e, portanto, conseguem consumir mais. Ao mesmo tempo, países produtores de commodities cujas moedas se valorizam em relação ao dólar passam a ter custos mais altos (medidos em dólares). Para ambas as situações a variável de ajuste é o preço das commodities, que tende a subir.
E 2021? A pergunta mais frequente que recebemos é “qual é a perspectiva para os próximos meses?” Aqui na Versa, quase sempre estaremos posicionados para capturar bom desempenho de ações como classe de ativos no geral, em uma receita que muda ao gosto do nosso stock-picking. Ações representam títulos de posse nas melhores companhias do país e do mundo, companhias que normalmente geram valor em longos períodos de análise, mesmo que passem por momentos turbulentos e transitórios. Só alteramos esse rumo se acharmos com grande confiança que há motivos para turbulência significativa nos mercados (como fizemos em fevereiro/2020) ou se não encontrarmos boas empresas negociando a valuations que achamos razoável dado o potencial gerador de caixa de cada companhia.
Assim iniciamos 2021. Estamos posicionados como otimistas (fundos comprados em bolsa e em alguns casos no real), convictos na composição das carteiras dos fundos da casa e alinhados ao otimismo geral vindo dos fatores citados acima. Dito isso, nunca descartamos o potencial por turbulência à frente e não achamos que o mercado de ações está barato de forma indiscriminada. Até no badalado setor de commodities, tão importante para a bolsa e economia brasileira, já não é trivial encontrar boas empresas negociando a múltiplos baratos. Preferimos nossas VALE3 e JBSS3, ações que ainda seriam consideradas baratas em cenários de deterioração dos fundamentos (preços dos seus produtos, cotação do dólar). Além disso, são empresas bem geridas e com vantagens competitivas claras. Outros setores bem representados em nossos fundos são os de varejo e construção/imobiliário. Esses não participaram do grande rally da bolsa nos últimos meses, e seus negócios deveriam voltar ao normal após uma vacinação da população. Em que pese, se o crescimento global sincronizado seguir firme após uma vacinação em massa, a economia brasileira fica bem posicionada dado seus atuais termos de troca (devido à depreciação cambial) para uma recuperação de atividade que puxe também esses negócios.
Oferecemos diferentes fundos de investimentos para que o cliente escolha em que grau entrará nesse barco com a gente, a depender do seu perfil de risco. Não temos expectativa de rentabilidade em nenhum ano específico para nossos fundos. Você pode consultar o histórico de cada um dos fundos em suas respectivas páginas: Versa, Fit, Charger, Tracker.
Resultado dos Fundos
Estratégia Versa LB FIM e Fit LB FIM
Estratégia Charger
Estratégia Tracker
Destaques Positivos
O Versa fechou o mês na estabilidade, com os ganhos da carteira comprada em ações e da posição vendida em dólar sendo compensados em sua totalidade pela carteira vendida à descoberto em ações. Do lado positivo, destacamos as ações do setor bancário (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil) que seguiram a recuperação iniciada no mês anterior após muitos meses de desempenho fraco. Além disso, destacamos a varejista Vivara e a empresa de bebidas Ambev, que surfaram a alta generalizada da bolsa.
Destaques Negativos
Dentre os destaques ruins do mês, começamos com ações de duas empresas tipicamente vistas como vulneráveis às medidas de isolamento ligadas ao aumento de casos do coronavírus: Guararapes e BR Properties. A primeira é uma varejista dependente de fluxo em suas lojas (Riachuelo). A segunda é detentora de lajes comerciais, onde há receio (indevido em nossa opinião) de impactos permanentes com o advento do home office. Ambas as ações tiveram recuperações tímidas frente ao resto do mercado de ações desde meados de março/2020. Ambas caíram em dezembro, seguindo a reaceleração do coronavírus no Brasil e no mundo. Como dito acima, acreditamos que uma eventual imunização da população contra o coronavírus trará de volta os fundamentos destes negócios, sustentando nosso investimento nelas para o longo prazo.
Outro destaque negativo foram as ações da Via-Varejo. As ações sofreram realização após um grande desempenho no ano (+300% de abril a novembro).
O último destaque negativo do mês foram as ações da General Motors, que caíram -4,6% após forte desempenho nos últimos meses (+111% de maio a novembro).
Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.