Agosto foi um mês positivo para a bolsa brasileira e para os fundos da Versa. O Ibovespa subiu +6,15%, levado principalmente pelas ações da Petrobras e do setor financeiro (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, B3). O bom desempenho da bolsa brasileira se contrasta ao do S&P 500, principal índice de ações americano, que teve queda de -4,24% no mês após devolver a alta que ocorreu na primeira quinzena. Por lá, o banco central (Fed) adotou uma postura mais dura em relação à inflação, se comprometendo a manter os juros altos até a inflação arrefecer e se mostrando atento ao risco da inflação persistir se o aumento de juros não for suficiente ou se não durar o tempo adequado. Não vencer a inflação significa um risco à atividade de longo prazo que é mais importante (more pain, nas palavras de Powell) do que o impacto negativo que o aperto atual causa no curto prazo.
O desempenho relativo do Brasil vs. EUA em agosto para nós é uma boa representação do que há algum tempo imaginamos (e escrevemos neste espaço) para a atual transição da economia mundial de um cenário inflação alta/FED complacente para um cenário de inflação desacelerando/FED combativo. O Brasil se beneficia por estar à frente dos principais bancos centrais no que diz respeito à alta de juros. Nós já tomamos nosso remédio amargo (talvez até demais). Bem ou mal, ele vem fazendo efeito.
A inflação brasileira acumulada em 2022 é 4,8%, levemente menor que os 5,3% dos EUA. O CDI acumulado no mesmo período aqui no Brasil é 7,8%, vs. 0,5% de juros “fed funds” acumulado nos EUA. Normalmente, o diferencial de juros é explicado pelo menos em parte por um diferencial de inflação, fazendo o diferencial de juros nominal ser maior que o diferencial de juros real entre Brasil e EUA. Em 2022 essa conta inverteu. Como a nossa inflação está abaixo da inflação dos EUA, o diferencial de juros real (descontada a inflação) desde o início do ano é maior que o diferencial de juros nominal desde o início do ano, algo praticamente inédito. Os juros até então em 2022 pagaram um prêmio por uma inflação maior, mas a inflação foi menor. Não parece errado?
Em nossa visão, o desempenho dos ativos de risco (juros, bolsa) em agosto reflete alguma correção desse “erro”. Por aqui nossa taxa de juros 2 anos caiu -115 pontos base enquanto a taxa de juros 2 anos nos EUA subiu 56 pontos base. Olhando a janela de 2 anos, temos novamente um diferencial de juros real menor que o nominal.
Acreditamos que essa re-precificação dos juros foi o principal motivo para o desempenho melhor da bolsa brasileira em relação à bolsa americana (excluindo Petrobras, cuja alta conforme refletida no índice se refere ao grande dividendo pago pela empresa em agosto). O movimento foi benéfico principalmente para setores até menos representativos para o índice bovespa, mas mais representativos nos fundos da Versa, como o varejo. A queda dos juros trouxe de volta algum otimismo com o apetite para consumo e investimento, favorecendo a perspectiva operacional e também as taxas de desconto aplicadas ao valuation das varejistas, cujas ações subiram em média 15-20% em agosto. Com isso, os fundos Versa, Fit, Institucional FIA e Tracker subiram +40,0%, +16,8%, +12,5% e +10,8%, respectivamente. Os maiores ganhos do mês vieram das posições em Grupo Soma, o short em S&P 500, Lojas Marisa, Guararapes, Vittia, Banco Bradesco, Vivara e Petrobras.
Estamos no início do processo de aperto monetário no mundo desenvolvido, e também no início do afrouxamento das condições financeiras aqui no Brasil. O cenário ideal para o nossa carteira seria que os bancos centrais tenham sucesso nesta empreitada (Jerome Powell agora está determinado), e que o cenário político/econômico brasileiro não se deteriore após a eleição. Na última semana, ouvimos que o líder nas pesquisas presidenciais no Brasil foi contra uma das principais medidas econômicas equivocadas do seu partido no passado, quando controlaram os preços dos combustíveis para conter a inflação. Que Lula é líder nas pesquisas já sabemos há muito tempo (e de certa forma está no preço). Que ele teria mais apreço pela política econômica do seu primeiro mandato vs. os mandatos de Dilma Rousseff, isso é novo. No mínimo ampliou levemente a atenção devida ao cenário “Lula pragmático” por qual tanto torce a Faria Lima. Este cenário daria também mais confiança na continuidade do atual ambiente de atividade econômica forte e boa geração de empregos. Está longe de garantido, mas é possível, e significaria mais uma re-precificação dos ativos de risco no Brasil.
É raro, mas no mundo atual de aperto monetário nos EUA/Europa, guerra e crise energética na Europa, desaceleração forte no principal motor econômico da China (setor imobiliário), o Brasil está “bem” em termos relativos, e sua bolsa continua barata. Por esses motivos, mantemos a carteira comprada em ativos domésticos, protegidos por uma posição vendida a descoberto em contratos futuros de S&P 500.
Agradecemos a confiança depositada.
Atenciosamente.
Equipe Versa
Resultado dos fundos
Atribuição de Performance
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