A prisão do Lula ajudou a desenhar os primeiros contornos da disputa presidencial de outubro. Solto, Lula faria campanha até o TSE cassar sua candidatura pela Lei da Ficha Limpa, às vésperas da votação. Imaginava-se que as eleições seriam polarizadas entre ele um antagonista, como Jair Bolsonaro. Com Lula preso, esta possibilidade se esvaiu e começou a ser desenhada uma eleição fragmentada como a de 89.
Já apareceram 19 os postulantes ao cargo de Presidente da República, 3 a menos que em 89. Destacam-se Jair Bolsonaro do PSL, Marina Silva do Rede, Geraldo Alkmin do PSDB, Joaquim Barbosa do PSB e Ciro Gomes do PDT. O MDB, responsável pela máquina, ainda não decidiu entre Henrique Meirelles ou Michel Temer. O PT diz que virá com Lula mesmo preso, ou seja, apoiará outro candidato.
Ainda é cedo para tirar conclusões a respeito da corrida eleitoral, mas as chances dos dois finalistas do segundo turno sairem dentre Ciro, Bolsonaro, Marina e Barbosa aumentaram. Destes, o único que seria uma catástrofe para a economia é Ciro Gomes. Com viés desenvolvimentista, seu programa prevê maior intervenção na economia, como a manipulação do câmbio e dos juros ao mesmo tempo, além da “reconquista” da Petrobrás e da Eletrobrás. Bolsonaro é uma incognita, pois tem discurso liberal mas sempre votou contra as propostas econômicas de FHC e a favor das do PT. Paulo Guedes, seu provável Ministo da Fazenda, é liberal da escola de Chicago, e o partido escolhido para concorrer à presidência (PSL) carrega Liberal no nome. Marina Silva, apesar das origens no PT, concorreu às eleições de 14 com um programa economico liberal, pautado pela responsabilidade fiscal, elaborado em conjunto com Eduardo Giannetti, filósofo e professor do Insper. Joaquim Barbosa, novato na política, também defende a redução da influência do Estado na economia. Assim, apenas Ciro representa risco para as boas mudanças em curso, mas suas chances de vencer são baixas. No primeiro artigo sobre as eleições, apontamos que as mudanças entre governos intervencionistas e liberais no Brasil coincidiram com crises econômicas e alto desemprego, como agora. Se a história se repetir, um candidato com modelo econômico similar ao do PT, como Ciro, não vencerá.
Eleições fragmentadas dão maior chance a fenômenos inesperados. Em 89 Collor era pouco conhecido e teve acensão meteórica. Desconhecidos como Flavio Rocha do PRB e João Amoedo do Novo podem despontar. Flavio é dono da Riachuelo e prega o Estado mínimo e a modernização da economia, assim como Amoedo, que fez carreira no mercado financeiro antes de fundar o partido Novo. Henrique Meirelles, possível candidato do MDB, e Álvaro Dias do Podemos também podem surpreender. Meirelles teria o apoio do governo e continuaria a política econômica atual, mas a lenta retomada da economia e a impopularidade de Temer atrapalham. Álvaro é político experiente e se coloca mais ao centro dentre todos, com discurso a favor de reformas e redução do Estado, mas contra privatizações.
Compilando todo o espectro de possibilidades, há grande chance do próximo governo continuar a política econômica atual que busca a redução do déficit fiscal através de reformas, como da Previdência. Geraldo Alkmin, inclusive, anunciou que manterá Ilan Goldfajn no Banco Central se vencer as eleições. A redução do Estado, pela diminuição de ministérios e por privatizações é bandeira comum à maioria das campanhas. Ainda há o risco de vencer um candidato ultra-liberal que promoveria profunda modernização da economia, e um intervencionista tem baixa chance de vitória. Assim, o cenário eleitoral aponta para a continuidade do caminho que está ajudando na recuperação da economia e nas perspectivas de longo prazo do país. A volatilidade causada pelas eleições pode ser menor que o previsto.
Concordo com a análise, mas acho q o STF hoje é um risco considerável. Tomara q o STF deixe Lula mofar na cadeia e não interfira no processo eleitoral.
Bom dia Paulo! Acreditamos que o STF manterá a jurisprudência da prisão em segunda instância. Um abraço,
Bons argumentos, também penso por aí…
Cada vez mais tendo a pensar que o maior risco para a bolsa brasileira é a ocorrência de uma crise lá fora, não as eleições em si.
Qual a visão da equipe sobre essa possibilidade, no momento? Um próximo artigo focando nesse tema também pode ser interessante.
Bom dia Wesley! Pensamos da mesma forma. Atualmente o maior risco é uma crise externa, visão que temos comentado nos relatórios quinzenais. O maior risco é um overshoot na taxa de juros americana causada por um descontrole inflacionário, o que induziria uma recessão nos EUA que teria reflexos pelo mundo. A guerra fiscal do Trump não colabora com a inflação, que ainda está em patamares confortáveis. Por enquanto o FED está apenas normalizando a taxa de juros para os patamres históricos, e os lucros das empresas americanas ainda estão sendo revisados para cima. Por isso, o risco ainda é baixo, mas estamos monitorando. Uma abraço
Boa noite caro Luiz,
No caso de uma crise externa, o Versa “calibra” seu perfil, focando em CDI, por exemplo, esperando a maré ruim passar, e visando apenas preservar o capital, ou segue correndo riscos, em busca de oportunidades?
Pergunto, pois talvez alguns investidores possam pensar em retirar o dinheiro, durante a crise externa, retornando após, com o capital preservado. Abs!
Bom dia Leandro! É exatamente isso. Em um cenário adverso, por uma crise externa ou interna, diminuíremos as posições compradas e aumentaremos as vendidas à descoberto de forma a tirar o direcional do fundo e ficar apenas no long&short, perdendo correlação com a bolsa e mirando no CDI. Podemos até usar o limite de opções para comprar puts, que lucrariam na queda. Obrigado pela pergunta. Um abraço
Obrigado, sucesso!
Essa disputa Trump / síria/ Rússia, pode representar uma ameaça?
Boa tarde Alan! Se a disputa escalar para uma guerra entre os países será uma ameaça, mas não parece ser o caso.
Acho estranha essa rejeição do mercado ao Ciro Gomes, mais ainda em dizer que ele é continuidade do PT, sendo que ele critica a política econômica do PT em diversos pontos (apesar de elogiar os avanços sociais).
Se por um lado ele prega a estatização de setores estratégicos da economia, como Petróleo e energia, por outro defende uma modernização na gestão destas empresas.
Se por um lado ele diz rejeitar a importância das vontades do mercado, por outro ele defende um desenvolvimento da indústria, das empresas como um todo, da agricultura.
Sem falar que ele é o candidato com a melhor proposta para equilibrar as contas públicas, e fazer as reformas que o país precisa, seja da previdência, seja trabalhista, buscando um crescimento sustentável de médio e longo prazo para o Brasil.
Tudo isso com um projeto consistentes e ideias claras, sem uso de frases de efeito.
E considerando que o versa não atua com DayTrade, mas com crescimento de empresas no longo prazo, me parece que o Ciro é o melhor candidato, já que país falido não traz retorno de longo prazo.
Por isso me espanta toda essa rejeição à sua candidatura.
Mas enfim,
o país em primeiro lugar.
Eu estou com Ciro.
Sério isso?
Gabriel, tudo bem? O discurso do Ciro parece distante da realidade. Diz, por exemplo, que a previdência não teria déficit se o governo não tivesse aprovado o regime especial de tributação para o setor de óleo e gás, que abdicou de R$ 1 trilhão em impostos. O desequilíbrio da previdência é conhecido e crescente, e o déficit atual está ao redor de R$ 200 bi por ano. O R$ 1tri do Ciro são R$ 85bi segundo o Ministério da Fazenda. Preocupa também a política econômica heterodoxa, como a cambial. A balança comercial brasileira está nos maiores níveis da história, ainda assim Ciro defende a desvalorização artificial do Real para exportar mais. Estas posições e idéias trazem vivas lembranças da Dilma. Um abraço,
Quanto a previdência, ele não só reconhece o problema do crescimento insustentável, como criticou a reforma proposta, por ser insuficiente para resolver o problema (além da falta de legitimidade), e propõe uma reforma mais ampla.
De toda maneira eu espero que em algum momento, durante os debates, alguém com conhecimento no assunto conteste os números que ele apresenta. Como ele não é de fugir de debates, nem inflexível a ideias diferentes, ele vai poder ou esclarecer o que falou, ou rever suas posições.
Abraço, e grato pela atenção.
O problema quanto ao Ciro é bem simples: ele se apresenta como um interventor na economia. Isso não é saudável e o mercado sabe.
Desenvolvimentismo e dirigismo econômico nunca geraram vôos de águia, somente de galinha.
Pelo que entendi você acredita que ele não representa risco à política econômica, e bastam esclarecimentos adicionais das propostas dele. Não compartilho dessa opinião no momento, mas não faltarão oportunidades para ele poder esclarecer. Até lá, a prudência recomenda considerá-lo um risco.
No seu caso, tendo tanta convicção, pode encarar como uma oportunidade. O tempo vai dizer. Ou, alternativamente, você pode estar interpretando mal o que faz bem a uma economia, e isso poderá ser um erro grave.
Eu que agradeço Gabriel! Aguardemos os debates para ver a real posição do Ciro. Os investidores, de forma geral, preferem candidatos liberais. Para nós o ideal seria uma Margareth Thatcher brasileira. Um abraço,
Vou apresentar outro problema com o Ciro: ele mente descaramente citando números e estatísticas irreais. É quase tão bom quanto o Lula nisso.
Todos esses “se por um lado assim, se por outro assado” mostram como o candidato é cheio de contradições. Um exame mais detalhado das suas propostas deixa claro a inviabilidade ou o canto da sereia, especialmente na economia. A maneira mais fácil de começar a ver isso é assistir vídeos onde ele cita estatísticas ou números mentirosos na maior cara lavada.
Quando se fala em política as paixões se ascendem e fica meio turvo o debate mas na minha opinião o Ciro Gomes representa tudo q o Brasil precisa deixar pra trás se quiser deixar de ser um eterno país do futuro. Sua eleição seria a perpetuação do fisiologismo populista que levou o país ao caos em que estamos hoje. Não tenho candidato ainda mas com certeza não será Ciro Gomes.
Faço das suas palavras as minhas. Chega de populismo barato, que o próximo presidente trabalhe com os números a favor do Brasil.
Caros,
Para aqueles que veem Ciro Gomes como uma boa opção sugiro a leitura da entrevista do coordenador de seu programa econômico, Nelson Marconi, publicada no Valor Econômico de 12/03/2018
http://www.valor.com.br/politica/5377667/conselheiro-de-ciro-defende-desvalorizacao-do-cambio.
O que se depreende, ao final da entrevista, é a crença que a Nova Matriz Econômica de Dima, Mantega, Pombini, etc não falhou; só faltou aplicar seus príncipios com mais afinco… remetendo ao conceito de insanidade: querer fazer as mesmas coisas e obter resultados dferentes.
Para o Brasil, não apenas para o mercado financeiro, o ideal é um candidato comprometido com ajuste fiscal, reformas( Previdenciária, tributária, etc) e privatização, ou seja, como se costuma dizer liberal na economia e conservador nos costumes.
Quem pensa em ganhar $$$ no mercado deveria torcer fervorosamente para um candidato com esse perfil. O resto… bem o resto é Venezuela.
Concordo com a sua análise Luiz Alves e confio na gestão de vocês para ganhar muito $$$. Vamos ver se o cenário ajuda.
Abraços
Bela análise Márcio! Um abraço,
Bela entrevista para orama.
Vale uma postagem no site, acho.
Boa sugestão! Obrigado,
Gostei do novo layout do site… Facilitou muito a informação. Boa semana pra nós!
Obrigado! Boa semana!
Hoje o STF deu um grande passo na direção da liberdade do Lula e consequentemente na liberação de sua candidatura. Nesse cenário o fundo tem um plano b, pois nesse cenário q está se tornando possível acredito q bolsa despenca pra níveis inimagináveis.
Paulo, tudo bem? No Brasil, cada dia é uma aventura. Também estou indignado, mas é prematuro dizer que a decisão do STF muda alguma coisa. Foi uma decisão de turma por 3×2 e, como foi placar apertado, não sei como funcionam as apelações, mas acho que deve ir a plenário. Ainda, mesmo que Lula seja solto, sua candidatura deve ser caçada pela lei da ficha limpa. E mesmo que deem um jeito dele ser candidato, ele tem baixa chance de vencer a eleição. Mas concordo com você que os mercados não iriam gostar do Lula presidente. Um abraço,
Luiz obrigado pela resposta mas infelizmente acho q essa decisão muda tudo e pode inclusive anular a decisão q condenou Lula no caso do triplex. Minha preocupação é se em caso de um colapso do mercado o fundo por ser alavancado corre o risco de ficar com o patrimônio negativo. Um abraço.
Fique tranquilo pois não somos um fundo alavancado a termo, fazemos a alavancagem com posições vendidas a descoberto. A ascensão do Lula seria um processo lento e daria tempo suficiente para proteger a carteira. O grande risco de qualquer fundo alavancado são eventos inesperados disruptivos, como a delação do Joesley. Naquele dia a carteira atual perderia -11,8%, como você pode ver na página Risco do fundo. Um abraço,
Luiz obrigado pelo esclarecimento. Parabéns pelo trabalho e transparência em relação ao fundo.
Disponha Paulo, estamos aqui pra isso! Um abraço
Boa tarde a todos.
Sei que o tópico é pouco recente, considerando tanto que ocorreu em nosso país no último mês.
Agora que Lula está preso, Jair Bolsonaro liderando algumas pesquisas de votos, qual a visão dos gestores em relação a economia como um todo, no caso de Jair Bolsonaro for eleito ?
Quais os pontos positivos e negativos desta gestão ?
Nos aproximamos de épocas complicadas a nossa economia. Em quais cenarios politicos o fundo conseguiria um melhor aperfeiçoamento da carteira, em questão de rentabilidade ?
Agradeço.
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