No primeiro post dessa série, explicamos como você pode usar a métrica do Valor Presente Líquido (VPL) para saber se um investimento gera valor. Nesse post, explicaremos como usar o conceito de VPL para solucionar um problema um pouco mais complexo: decidir entre dois projetos com tempos de vida distintos.
Imagine que você tenha uma empresa e ela tem R$100 mil reais para empregar em projetos de expansão. Você precisa decidir entre dois caminhos: (1) expandir a loja que já existe ou (2) abrir uma nova loja em outro ponto. Na opção número 1 você terá que investir os R$100 mil no período atual, e terá um incremento de R$70 mil por ano no fluxo de caixa pelos próximos dois anos devido a modernização. Já na opção número 2 você terá que investir os mesmos R$100 mil, mas terá um incremento de R$50 mil por ano no fluxo de caixa pelos próximos três anos. Dado que você só pode fazer um dos dois projetos, qual escolheria? Qual dos dois projetos gera mais valor?
A resposta correta é depende. A primeira variável crucial para a análise é a taxa de desconto, e nesse caso vamos assumir que ela é 10%.
Cenário 1 – Os projetos podem ser feitos apenas uma vez
Nesse cenário simples, basta aplicar o ferramental explicado em posts passados e comparar o VPL dos dois projetos. Nesse caso o VPL do projeto 1 é aproximadamente R$21,5 mil e o do projeto 2 é R$24,3 mil. Ou seja, nesse cenário seria preferível abrir uma nova loja em outro ponto. Vale ressaltar que se a empresa tivesse mais dinheiro para empregar, ela deveria tocar os dois projetos simultaneamente, pois ambos geram valor.
Cenário 2 – os projetos podem ser renovados ao seu término.
Agora imagine que os projetos podem ser renovados quando a geração de valor terminar. Ou seja, o projeto 1 poderia ser renovado a cada dois anos e o projeto 2 a cada três anos. Suponha também que os custos e incrementos no fluxo de caixa permaneçam inalterados ao longo do tempo. Nesse cenário, o projeto 2 continuaria sendo melhor?
Para fazer essa conta, utilizaremos a abordagem do mínimo múltiplo comum entre os tempos de vida dos projetos. Como o projeto 1 tem dois anos e o projeto 2 três anos, o mínimo múltiplo comum entre os tempos de vida é 6 anos. Com isso, podemos “padronizar” o fluxo de caixa dos dois projetos ao longo do tempo.
Ao longo de 6 anos, o projeto 1 seria feito três vezes, e o projeto 2 seria feito duas vezes. A ilustração abaixo mostra os fluxos de caixa dos dois projetos.
Ao descontar os fluxos com a taxa de 10%, chegamos a conclusão que o VPL do projeto 1 ao longo de 6 anos é R$53,9 mil e o do projeto 2 é R$42,6 mil. Ou seja, no cenário em que os projetos podem ser indefinidamente renovados, o projeto 1 passaria a ser mais vantajoso!
Por isso, fique sempre atento as especificidades da situação com a qual você se depara quando vai aplicar o arcabouço de finanças. Sobrou alguma dúvida? Entre em contato com a gente!