Bate-Papo Quinzenal : Aumentando os hedges

No bate-papo comentamos sobre o desempenho da carteira nos primeiros 15 dias do mês, as principais mudanças de posicionamento e as perspectivas futuras.

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Resumo da Quinzena

A carteira teve um bom desempenho no período, subindo 6,9% na primeira quinzena de Fevereiro, superando os 5,1% da Bovespa. As ações compradas geraram um lucro de 10,8%, enquanto as ações vendidas e as taxas custaram 3,9%.

31-jan-1715-fev-17Variação
Versa2,0252,1656,9%
Ibovespa64.67167.9765,1%
CDI aa12,9%12,9%0,5%

Os destaques de ganho na quinzena foram as ações da Locamérica, que contribuiram para a alta de 4,2% no setor de infra-estrutura, e as ações de construtoras e shoppings, que continuaram a se apreciar, gerando um retorno de 3,6% para carteira. Das perdas, o destaque foi a posição vendida em Vale, que continuou a subir, causando um prejuízo de 2,5% no período.

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Mudanças na carteira

No final de Janeiro aumentamos a proteção da carteira, diminuindo a exposição líquida comprada de 125% no dia 18 para 50% no dia 26. A redução foi feita através da venda de uma posição em calls de índice Bovespa, e através da compra de puts de Vale. Como o movimento foi feito através de opções, a exposição líquida caixa, que considera as opções pelo prêmio ao invés da exposição (delta), permaneceu estável em torno de 70% ao longo desse tempo. Dois fatores motivaram a diminuição:

1. Homologação da delação da Odebrecht – Através do que foi divulgado na mídia, avaliamos que a retirada do sigilo das delações, que ainda não aconteceu, tem o potencial de desestabilizar o governo Temer e comprometer a aprovação das espinhosas medidas essenciais para o re-equilíbrio das contas do Brasil, como a Reforma da Previdência. Como a economia ainda está no fundo do poço e as ações subiram na expectativa da retomada, este evento poderia minar a confiança dos investidores e induzir um sell-off na bolsa.

2- O impressionante rally do minério de ferro, que nos levou a incrementar a posição vendida em Vale através de puts. Não encontramos fundamento, tanto do lado da demanda quanto da oferta, para a alta da commoditie. Avaliamos que o preço de equilíbrio está mais próximo de 55 dólares por tonelada, 40% abaixo dos 91 usd/ton correntes. Apesar das ações da Vale não refletirem o preço do minério atual (deveriam estar acima), o que mostra o ceticismo do mercado, enxergamos downside significativo se o minério voltar ao preço de equilíbrio. Também, como falamos no bate-papo quinzenal de janeiro, vemos a situação da China com preocupação. Há sinais de bolha imobiliária, como a alta de 50% no preço dos imóveis nas principais cidades, e há sinais de bolha de crédito, como o aumento recorde de financiamentos no ano passado. Para piorar, a inflação está aumentando rapidamente, como mostrou o PPI (índice de preços ao produtor – inflação dos insumos) de fevereiro, o maior desde 2011, e os EUA começaram o ciclo de aperto monetário. Ambos devem forçar o Banco Central da China a subir os juros, retirando liquidez do mercado, o que afetaria a concessão de crédito e poderia estourar a bolha. Uma forma de contornar o problema seria promover a rápida desvalorização do Renminbi, o que desencadearia um reequilíbrio global de moedas e um sell-off nos mercados. Assim, a posição vendida em Vale é não somente um investimento no reequilíbrio do minério de ferro, como também uma proteção contra o fim da bolha chinesa, que enxergamos como o maior risco para os mercados no ano de 2017.

Estamos atentos aos sinais e mudaremos a posição do fundo caso nosso cenário não se concretize. Continuamos achando que, de forma geral, 2017 será um ano construtivo para o Brasil e para a bolsa.