Resumo do Mês
28-abr-17 | 31-mai-17 | Variação | |
Versa | 2,739 | 2,415 | -11,8% |
Ibovespa | 65.403 | 62.711 | -4,1% |
CDI aa | 12,1% | 12,1% | 1,0% |
O mês de Maio ficará marcado para sempre pelo grampo do empresário Joesley Batista no presidente Temer. Este evento surpreendente causou grande volatilidade na Bolsa e na carteira do fundo, que fechou o mês perdendo 11,8%, encerrando a sequência de retornos mensais positivos iniciada em maio de 2016. Após todo esse tempo, em que o fundo subiu 160%, é fácil esquecer que a volatilidade também pode causar prejuízos como o de Maio. Por isso fazemos questão de lembrar os cotistas que não existe “galinha dos ovos de ouro”, pois quedas acontecem com frequência, como mostramos nas estatísticas do fundo, atualizadas diariamente. Tendo em vista que o Versa possui uma volatilidade mensal de 16% e a média dos retornos mensais negativos é 14%, a queda de 11,8% foi ruim, mas dentro do previsto pelos parâmetros do fundo. Ainda assim, o descasamento entre a carteira comprada (longs) e a carteira vendida à descoberto (shorts) foi surpreendentemente grande.
Um curioso fenômeno que ajuda a explicar esse descasamento foi a forte entrada de investidores estrangeiros após o sell-off de 18 de maio. Os “gringos” haviam comprado R$ 760 milhões no mês e intensificaram as compras após a queda, fechando Maio com saldo positivo de R$ 2,15 bilhões. Este fluxo, em grande parte via criação de ETFs, atingiu diretamente algumas ações da carteira short, como a Raia-Drogasil, presente na maior parte dos índices, que terminou subindo 6,7% no mês, enquanto o Ibovespa caiu 4,1%. Ainda, as ações do Laboratório Fleury subiram 8,1% e a industrial Weg mais 7,3%. As duas primeiras empresas pertencem ao setor de sáude e são vistas pelo mercado como papéis defensivos para os momentos de crise, pois fornecem bens essenciais, medicamentos e exames ambulatoriais, cuja demanda tem menor elasticidade à renda das famílias. Já a Weg possui mais da metade das receitas em dólar e se beneficiaria de uma desvalorização cambial mais acentuada, que até agora não aconteceu. A única ação que manteve a correlação com o Ibovespa no mês foi a distribuidora de energia Equatorial, que caiu 7,1% influenciada pela divulgação do resultado do 1o trimestre de 2017 abaixo do esperado pelo mercado.
Do outro lado, a carteira long é composta majoritariamente por ações expostas à recuperação da economia e à queda dos juros, fatores que passaram a ser questionados após a divulgação dos grampos. No artigo “o fundo Versa na turbulência política”, publicado no dia 21 de maio, argumentei que ainda é cedo para afirmar que a recuperação em curso, assim como a queda dos juros, serão abortados, opinião que permanece inalterada. Por isso não mudamos a estratégia da carteira, que mantém o viés pró-cíclico de antes, o que causou fortes perdas do dia do sell-off até o final do mês. Expurgando as ações de Gafisa, cuja queda de 41,2% no mês foi contraposta pelos ganhos com o spin-off de Tenda, a maior queda da carteira foi da também construtora Even, de 15,5% no mês, seguida pela varejista Via Varejo que perdeu 14,3%. Inexplicavelmente, a fabricante de autopeças Iochpe-Maxion, que possui 70% da sua operação no exterior e por isso seria grande beneficiária de uma depreciação cambial, caiu 11,7% no mês. Ainda, nos setores de renda recorrente, que se beneficiam diretamente da queda dos juros, as ações da BR Properties amargaram queda de 7,2% enquanto as ações da BR Malls caíram 3%. Surpreendentemente as ações da siderúrgica Gerdau perderam apenas 2,4% e, por último, a maior posição do Versa, a locadora de automóveis Locamérica, caiu 3,9% no mês.
A cruel combinação de longs que caem e shorts que sobem foi responsável pela queda do fundo. Apesar do mal desempenho, temos confiança no valor dos ativos da carteira e, como bons fundamentalistas, estamos mais preocupados com as bases de longo-prazo da economia, que permitirá uma recuperação sustentável, do que com os percalços do caminho. Por enquanto continuamos indo na direção correta e por isso mantivemos a estratégia inalterada, mas estamos atentos aos sinais de mudança e prontos para reagir caso o Brasil saia novamente dos trilhos.
Observação: Costumamos escrever um feedback do resultado da carteira até o meio do mês, mas em Maio, como o fundo ficou estável na primeira quinzena, o sell-off aconteceu nos dias da publicação e alterou substancialmente o resultado do fundo, julgamos que aquele feedback seria irrelevante, por isso optamos por escrever apenas este Bate-Papo do final do mês.
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[…] recuperando a perda de 12% do mês passado, a qual era difícil justificar, como mencionamos no Bate-Papo de Maio. Ainda, nosso principal investimento, Locamérica, subiu 4%, impulsionando o fundo. A […]
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