75 bps em Janeiro, um risco que vale a pena o BC correr

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A recuperação da atividade está mais lenta do que o esperado. Desde a divulgação dos dados econômicos de setembro o mercado tem revisado a projeção do PIB de 2017 para baixo. Algumas casas preveem, inclusive, a continuação da recessão. Com o ajuste fiscal em curso, o governo não pode estimular a economia com a expansão dos gastos. Assim, o instrumento remanescente para tentar mudar o jogo são os juros. Como o BACEN do Ilan Goldfajn tem maior independência que os anteriores, o governo não afetará a política monetária diretamente. Por outro lado, é o responsável por criar as condições para o corte de juros, e tem feito o dever de casa, aprovando a PEC do Teto dos Gastos e iniciando a tramitação no Congresso da reforma da previdência ainda em 2016. Por isto e pela fraqueza da economia Ilan sinalizou que deve acelerar o corte de juros na próxima reunião do COPOM, fazendo a expectativa do mercado convergir para um corte de 50 bps em Janeiro, seguidos de outros 3 cortes de mesma magnitude em Fevereiro, Abril e Junho, e aqui enxergamos a chance de uma surpresa positiva.

Desde o início do seu mandato, Ilan foi enfático no objetivo de convergir a inflação para a meta. Apesar da inflação corrente ainda estar acima, a atividade fraca e o dólar comportado estão fazendo a inflação ceder rapidamente. O mercado já projeta que o IPCA deve fechar 2016 abaixo do teto da banda de 6,5%, e para 2017 o boletim FOCUS prevê inflação de 4,9%. Apesar de ser acima da meta, a projeção indica que a política monetária voltou a ter credibilidade, elemento indispensável para a aceleração do corte dos juros. Caso contrário, o corte poderia contaminar as expectativas de inflação, que contaminariam a inflação corrente, voltando ao problema original. Com a expectativa de inflação ancorada, a primeira grande tacada da equipe econômica pode ser cortes ainda maiores, de 75 bps, já em Janeiro. Esta surpresa daria um novo boost à confiança, que voltou a cair nos últimos meses, além de acelerar a mudança na trajetória da dívida brasileira, ainda explosiva. De quebra, ainda serviria de resposta aos movimentos sociais que atribuem o ajuste fiscal à alta taxa de juros. Nesse momento de atividade fraca, inflação cadente, e confiança declinante, os benefícios da aceleração no corte de juros serão muito maiores que os custos. Se isso fizer o real depreciar, terá efeito positivo na balança comercial e ajudará a encurtar o ajuste fiscal, enquanto a atividade fraca conterá a inflação. Assim, a aceleração do corte de juros para 75 bps em Janeiro é um risco que vale a pena o Banco Central correr. Por isso, estamos investindo em ações de Shoppings e Construtoras que serão grandes beneficiárias do corte.