Copel : estatal, fora de moda, mas cheia de valor

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Boas perspectivas para 2017 me deixam otimista com a CPLE3, ação ordinária da Cia Paranaense de Energia Eletrica, a Copel. A empresa tem um parque gerador de 5,7 mil MW, um dos maiores do Brasil, e continuará a se expandir de forma importante nos próximos anos,  a medida que seus projetos hídricos e eólicos em construção ficam prontos. Em 2017 a empresa espera a entrada da Usina de Colider (300MW) depois de 2 anos de atraso por questões ambientais, assim como a usina de Baixo Iguaçu (105MW) empreendimento onde a empresa detém 30% em parceria com a Neoenergia. No total, a Copel espera adicionar 737MW de capacidade até 2019, um incremento de 12% no seu parque gerador. Ainda, a empresa se aproveitou da alta nos preços da energia dos últimos meses para alocar boa parte da capacidade de geração que estava descontratada para 2017 e 2018, o que se traduzirá em preços médios de venda de energia mais elevados nos próximos trimestres.

Usina Colíder em Construção (2015)

A Companhia também é responsável pela distribuição de energia do Estado do Paraná e apesar de ter sido menos eficiente do que o modelo regulatório indicaria, os esforços para a redução de custos gerenciáveis, como os programas de demissão voluntária, têm tornado a empresa mais próxima do modelo do regulador. O 4º ciclo de revisão tarifária foi bastante positivo, permitindo sua receita de distribuição sair de R$ 2,8 bi para R$ 4,9 bi por ano. Com isso, a empresa espera um EBITDA anualizado na casa de R$ 650MM, ainda abaixo do EBITDA regulatório de R$1 bi, mas acima do esperado por boa parte do mercado

Além da melhora dos resultados da geração e da distribuição de energia, alguns efeitos não operacionais podem ajudar a empresa a elevar o pagamento de dividendos não só referentes a 2016, mas também para os anos subsequentes. O reconhecimento de cerca de R$ 800MM referentes a RBSE (investimentos em transmissão de energia realizados no passado), que fazem parte do acordo de renovação celebrado com o governo em 2014, já afetaram positivamente a base de resultados de 2016. Além disso, o fim do litígio com a Ivaí Engenharia sobre a construção de uma usina no Rio Jordão, da década de 90, deve resultar na reversão de R$ 600MM da provisão no balanço para perdas com o caso, uma vez que o acordo firmado prevê o pagamento de R$ 150MM em parcelas nos próximos anos.

Funcionário da Distribuidora da Copel investiga instalações no Paraná

A elevação dos dividendos também é corroborada pela perspectiva de diminuição da alavancagem financeira da empresa. A Copel foi vencedora da relicitação de uma das usinas devolvidas por ela mesma ao poder concedente em 2014, a Usina de Pedro Parigot. Para tanto a empresa pagou outorga superior a R$ 600MM upfront, o que contribuiu para uma elevação momentânea da alavancagem ao longo de 2016, já que a usina começou a gerar resultado apenas 3º trimestre do ano. Além disso, a empresa tem mais de 60% da sua divida atrelada ao CDI e vai se beneficiar de forma importante com a redução das taxas de juros, esperada para o próximo ano.

Outro fator que deve ajudar na elevação do dividendo é o fim do ciclo de investimentos em novas usinas de geração de energia, que se estendeu pelos últimos anos, e começam a entrar em operação em 2017. Além da geração maior de caixa proveniente destes ativos, o nível de investimentos deve se reduzir de forma considerável. Segundo a empresa, o capex deve cair de R$ 3,1 bi em 2016 para cerca de R$ 2 bi em 2017. Além das geradoras, linhas de transmissão em fase final de instalação irão entrar em operação em 2017 e 2018, trazendo R$ 400MM em receitas adicionais por ano. A empresa espera elevar sua participação em linhas de transmissão em mais de 50% até 2021, saindo de 3527 km para mais de 5400 km.

Centro de Operações da Geração e Transmissão da Copel em Curitiba

Eventos Societários previstos são outro ponto positivo para acionistas da empresa. A oferta de ações da empresa de saneamento do Estado do Paraná – Sanepar (SAPR4),  que deve ocorrer ainda este mês,  pode trazer algum caixa para a empresa uma vez que a Copel é acionista indireta da empresa através da Domino Holdings (em conjunto com Andrade Gutierrez). A elevação da liquidez dos papeis da Sanepar na Bolsa também vai contribuir para uma melhor precificação de suas ações, e por consequente, da participação direta da Copel na Sanepar de pouco mais de 7%. Adicionalmente, o mercado tem especulado que o Governo do Paraná pode vender ações ordinárias de Copel que excedem o bloco de controle como forma de captar recursos para o Estado. Este evento pode melhorar substancialmente a liquidez das ações, diminuindo o elevado desconto das ordinárias para as preferenciais, hoje ao redor de 30%.

Além de todos estes efeitos que podem ser bastante benéficos para a empresa nos próximos anos, suas ações figuram entre as mais baratas não só de seu setor, mas da bolsa como um todo. As ações ordinárias da Copel (CPLE3) valoram a empresa perto de 40% do seu valor patrimonial e próximo de 5x seu lucro estimado para 2017.