Resultado Mensal (Outubro/23)

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Os mercados de risco mundialmente tiveram mais um mês negativo em outubro. Na linha dos meses anteriores, tivemos nos EUA dados de atividade (PIB 3o tri +4,9% anualizado, vs. expectativas de +4,7%) e inflação acima do esperado. O banco central americano tenta há meses domar o ímpeto da inflação e da atividade econômica com aumentos de juros. Dados como esses, mostrando resiliência de ambos, trazem pressão para ativos de risco ao indicar que o Fed ainda terá de trabalhar para apertar as condições financeiras para levar a inflação americana para a meta de 2%. Com isso, a taxa de juros nos títulos públicos 10 anos americanos subiu ~30 pontos base (de 4,57% para 4,87%) ao longo de outubro. Como explicado outras vezes nesta carta, os títulos públicos americanos concorrem com outros ativos de risco (como ações) pela liquidez financeira mundial. Quando a taxa disponível nesses títulos sobe, investidores mundo afora trocam ativos de risco por eles. Esse tem sido o cenário dos últimos meses e em outubro não foi diferente. O S&P 500, principal índice de ações nos EUA, caiu -2,2% no mês, puxado pelas ações da Tesla, NVIDIA, Exxon Mobil, Chevron e Alphabet (Google). 

No Brasil, o Ibovespa teve queda de -2,9%, com quedas importantes nas ações da B3, Localiza, Weg, Hapvida e Rede D’Or. A dificuldade do governo em conseguir aumentos de arrecadação alimentaram novamente discussões em torno da meta fiscal de 2024, estabelecida como déficit primário de 0% no arcabouço fiscal sancionado no final de agosto. Existe um consenso de que essa meta não será atingida, e provavelmente será até flexibilizada antes da virada do ano. Trata-se de uma derrota ao arcabouço fiscal praticamente na sua estréia, o que levanta incertezas sobre a trajetória de resultados primários e por consequência da dívida pública. Temos debatido intensamente esse assunto aqui na Versa. Reconhecemos que a probabilidade de consolidação fiscal (leia-se “zerar o déficit”) no curto prazo reduziu. Mas acreditamos também que o “tiro fatal” da perspectiva com as contas públicas não seja necessariamente a flexibilização da meta específica de 2024, até porque o mercado jamais contou plenamente com o cumprimento da meta para 2024. O tiro fatal seria se abandonássemos por completo qualquer tentativa de melhoria fiscal ao longo dos próximos anos. Ainda acreditamos que o governo federal, em especial o ministério da fazenda, trabalha com uma agenda de consolidação fiscal no médio prazo. Em outubro ficou claro que há dificuldades no caminho, mas a agenda segue, em nossa opinião.

Os fundos da Versa sofreram novamente com esse ambiente desafiador de juros globais e risco fiscal no Brasil, em especial devido à concentração das carteiras dos nossos fundos em ativos sensíveis à juros, como os setores de varejo (Multilaser, Grupo Soma, Guararapes), imobiliário (Trisul) e financeiro (BR Partners), além de empresas consideradas “growth stocks”, como Vittia. O cenário dos juros mais altos não é novidade. Ativos como os aqui listados já sofrem há meses por conta da alta dos juros mundialmente. Os preços desses ativos (seus valuations) refletem em grande medida o fato de estarmos em uma era diferente da vivida antes e (em especial) durante a pandemia, quando os juros eram super baixos. Mesmo os últimos meses tendo indicado que tomaremos por mais tempo esse remédio amargo de juros altos pelo mundo, a combinação de valuations baratos junto à perspectiva do Banco Central brasileiro continuar cortando os juros por bastante tempo (por ele estar à frente dos outros bancos centrais no ciclo) explica nossa carteira ligada à juros.

Resultado do Versa Institucional FIA (nossa principal carteira de ações)

O Versa Institucional FIA caiu -9,6% em outubro. Suas maiores perdas vieram das ações de Multilaser, Vittia, BR Partners, Grupo Soma e Trisul. Essas perdas mais que compensaram os ganhos obtidos em JBS, Banco do Brasil e Even.

No final de setembro, o BR Partners conduziu uma oferta secundária de ações que resultou na redução da participação das famílias que inicialmente forneceram o capital necessário para o lançamento das operações em 2009. 

Durante essa oferta, o grupo de sócios executivos (partnership), formado pela alta gestão do banco, aproveitou a oportunidade para aumentar sua participação na empresa, reforçando seu compromisso e alinhamento com os resultados futuros do banco. A oferta teve um impacto significativo no preço das ações do BR Partners, em grande parte devido à sua baixa liquidez. No entanto, é importante destacar que os fundamentos financeiros do banco se mantêm sólidos apresentando crescimento de lucro no ano apesar do mercado turbulento. Com a queda de juros persistindo, esperamos que os resultados do banco ganhem um impulso adicional em 2024.

Institucional FIA
+Posição Long-9,39%
+Caixa e custos-0,18%
=Total-9,58%
-Benchmark (Ibov)-2,94%
=Excesso Benchmark-6,64%
Destaques do mês- Institucional FIA
MaioresContribuiçãoMenoresContribuição
JBS1,09%Multilaser-3,58%
Banco do Brasil0,25%Vittia-1,99%
Even0,14%BR Partners-1,46%
--Grupo Soma-0,85%
--Trisul-0,62%

Resultado dos fundos Long-Biased (carteira de ações mais alavancagem)

Os fundos long-biased Versa e Versa Fit perderam -21,9% e -18,1%, respectivamente. As perdas de ambos vieram especialmente da carteira de ações long (representadas pela carteira do Versa Institucional), ampliadas pela alavancagem desses fundos.

Versa Long Biased
Carteira long (Institucional)-9,58%
x
Alavancagem2,28
+Posição Long-20,94%
Carteira short (Bova11)-9,5%
x
Alavancagem short0,09
=
+Posição Short-0,89%
+Hedge0,17%
+Financiamento, Caixa e Custos-0,21%
=Total-21,86%
-Benchmark (CDI)1,00%
=Excesso Benchmark-22,86%
Fit Long Biased
Carteira long (Institucional)-9,58%
x
Alavancagem1,93
+Posição Long-19,47%
Carteira short (Bova11)-2,5%
x
Alavancagem short-0,57
=
+Posição Short1,41%
+Hedge0,00%
+Financiamento, Caixa e Custos-0,02%
=Total-18,08%
-Benchmark (CDI)1,00%
=Excesso Benchmark-19,08%

Resultado do fundo Versa Genesis

O Versa Genesis busca retorno em empresas com receitas atreladas à inflação. Distribuidoras e transmissoras de energia, empresas de saneamento e concessões rodoviárias têm as tarifas reajustadas pela inflação. Já os shopping centers têm a inflação nos contratos de locação. Por isso chamamos de ações com características de renda-fixa (RFStocks). O fundo tem exposição comprada aproximada de 190%, alavancagem financiada a CDI. 

O fundo caiu -8,7% no mês com destaque negativo para Copasa e EcoRodovias.

Copasa divulgou um resultado que julgamos positivo, com crescimento de +24% no EBITDA e de +18% na receita. Apesar de um aumento nos custos acima do esperado, esse foi substancialmente abaixo do crescimento da receita e acreditamos ser uma medida necessária para melhorar a cobrança e a medição de volume da empresa. 

Ecorodovias continua sendo uma das maiores posições do fundo e a empresa vem entregando resultados positivos devido a entrada de novas concessões com desempenhos bem superiores ao previsto. Para este ano de 2023, a companhia está abaixo de 8x P/L, sendo que parte das rodovias começaram a operação durante o ano, por isso não impactam todo o resultado de 2023. 

Genesis
Carteira long-3,64%
x
Alavancagem1,89
=
+Posição Long-6,87%
+Financiamento, Caixa e Custos-1,85%
=Total-8,72%
-Benchmark (IPCA +YIMA-B)0,73%
=Excesso Benchmark-9,45%
Destaques do mês - Genesis
MaioresContribuiçãoMenoresContribuição
Telefonica Brasil0,47%EcoRodovias-2,90%
Aliansce0,37%Copasa-1,29%
TIM0,24%Neoenergia-1,14%
--Sabesp-0,63%
--Cemig-0,54%

Resultado do fundo macro Versa Tracker

O Versa Tracker caiu -10,7% no mês, impactado principalmente pela abertura da curva de juros pré-fixada no Brasil, mas também pela queda das carteiras de ações long e RFStocks.

Tracker
+Bolsa-4,98%
+Macro-6,58%
+Hedge0,00%
+Caixa e Custos0,88%
=Total-10,69%
-Benchmark (CDI)1,00%
=Excesso Benchmark-11,69%

Agradecemos a confiança depositada.

Atenciosamente,

Equipe Versa

Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.