Resultado Mensal (Janeiro/23)

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Janeiro foi um mês positivo para os mercados de risco globalmente, amparados por mais um dado indicando desaceleração da inflação nos EUA. A acomodação da inflação permitiu redução nas taxas de juros. A taxa do título de 10 anos americano caiu de 3,88% no final de dezembro para 3,53% no fim de janeiro. A queda de juros ajudou em especial as empresas de tecnologia, com altas de +41%, +24%, +13%, e +23% para Tesla, Meta, Google e Amazon, respectivamente. Isso contribuiu para a alta do índice S&P 500 de +6,2% no mês. O otimismo respingou no Brasil. O Ibovespa teve alta de +3,4% e a carteira de ações long dos fundos da Versa subiu +1,9% (visto no desempenho do Versa Institucional FIA). A carteira de ações dos fundos da Versa teve um desempenho inferior ao Ibovespa, que por sua vez subiu menos que o S&P 500. O motivo, em nossa visão, é a incerteza em torno do cenário fiscal (e portanto dos juros) brasileiro. O arrefecimento da inflação é um fenômeno positivo para todos os mercados, mas seu efeito no mercado brasileiro é atenuado pois não temos uma sinalização mais incisiva do atual governo quanto à responsabilidade fiscal. Acreditamos que esse seja o motivo por trás do desempenho inferior nosso em relação ao Ibovespa (temos mais empresas sensíveis aos juros) e do Ibovespa em relação ao S&P 500. Explica portanto o fraco desempenho do Fundo Versa (+0,6% em janeiro), dado que esse usa o Ibovespa para financiar sua carteira comprada e (no momento) o S&P como hedge.

Queda de braço juros/fiscal

Enquanto nos EUA observamos uma desaceleração ordenada da atividade econômica, da inflação, e do ritmo de altas de juros pelo FED, no Brasil o cenário é mais complicado. Digamos que o Brasil é um paciente que sofre de duas doenças: (1) a inflação, dessa vez vinda de fora mas já não tão grave quanto estava meses atrás; e (2) o déficit fiscal, nossa doença antiga, dessa vez exacerbada pela alta dose do remédio (juros) que tomamos para combater a primeira doença. 

Por um lado, membros do governo reclamam que os juros estão altos demais. De fato, os juros impactam negativamente a atividade econômica e pressionam o orçamento federal. Faz-se necessário portanto um maior ajuste fiscal para estabilizar a trajetória da dívida pública em relação ao PIB. Por outro lado, o banco central alerta que a irresponsabilidade fiscal, mais recentemente representada pela PEC de Transição e discursos contundentes do presidente eleito em defesa de mais gastos, realimenta as expectativas de inflação de médio prazo e exige então uma política monetária restritiva. Os mercados de risco brasileiros ficam reféns desta referência circular entre o fiscal e os juros, pois sem ajuste fiscal e sem queda de juros perdemos o ímpeto dos agentes econômicos por consumo e investimento. Se existe um consolo para investidores neste ambiente, acreditamos que seja os próprios preços dos ativos, que hoje já refletem grande pessimismo com a trajetória da dívida, com o cumprimento das metas de inflação e com a atividade econômica. Os valuations (preços) baratos favorecem apostas de que o problema fiscal, se não resolvido por completo, será minimamente controlado. Nos próximos meses, o novo governo que já conseguiu um aval para gastos além do teto, terá a oportunidade de conquistar o benefício da dúvida do mercado via um novo arcabouço fiscal (prometido para abril) ou até mesmo via uma reforma tributária.

Desempenho do mês

Em janeiro o Fundo Versa subiu +0,6%, o Versa Fit caiu -1,6%, o Tracker teve queda de -1,3% e o Institucional FIA subiu +1,9%. A diferença do desempenho entre o Versa e o Fit, que por vezes foge da diretriz do Fit de ter metade do risco do Versa, é explicada pelas ações da BR Properties. A BR Properties está vendendo grande parte dos seus ativos e atualmente é alvo de uma OPA (Oferta Pública de Aquisição), o que faz do papel praticamente um investimento em caixa. Com isso, mantemos parte da alocação em caixa do Fit em BR Properties. No longo prazo, isso não faz diferença, mas no curto prazo o papel tem sua volatilidade, que distorce temporariamente a diretriz de risco relativo entre o Versa e o Fit.

Os maiores ganhos da carteira de ações long no mês vieram das ações Taurus, Lojas Marisa, Banco do Brasil, Trisul e Gerdau. Elas mais que compensaram perdas em Multilaser, Guararapes, Vittia e Neoenergia. Nos fundos long-biased, a maior perda veio da posição de hedge em S&P 500.

Mais detalhes nas tabelas abaixo.

Agradecemos a confiança depositada.

Atenciosamente,

Equipe Versa

Resultado dos fundos

Atribuição de Performance

Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.