Dezembro foi um mês negativo para os mercados de risco mundialmente. No início do mês, o departamento de trabalho americano divulgou números acima do esperado para a geração de empregos e renda média nos EUA. Duas semanas depois, o banco central americano elevou a meta da taxa básica de juros (FED funds rate) em 0,5 pontos porcentuais. Com isso a meta para a taxa básica de juros da maior economia do mundo atingiu o maior nível desde o final de 2007 (4,25% a 4,5%). No início de 2022, a meta do banco central americano para essa taxa era entre 0% e 0,25%, um nível baixíssimo e que vigorou desde o início da pandemia de covid-19. A subida de zero a >4% em menos de um ano serviu de “puxada do freio de mão” na economia mundial. O FED está usando a única ferramenta disponível para combater uma inflação que, após mais de uma década de bom comportamento, voltou com força em 2021. Dezembro foi mais um capítulo dessa puxada no freio de mão para uma economia que, na visão do FED, ainda está superaquecida. O S&P 500 caiu -5,9% em dezembro para finalizar o ano com queda de -19,4%. O Ibovespa perdeu -2,4% em dezembro e terminou o ano com alta de +4,7%. Em termos relativos, o Ibovespa foi melhor que o S&P 500 em ambas janelas, algo facilitado pelo seu fraco desempenho frente ao S&P 500 tanto no ano de 2021 quanto no mês de novembro/2022.
Para os fundos da Versa este cenário foi novamente desafiador. Além do desafio macroeconômico (inflação/juros) global, nossa carteira vem sofrendo com a incerteza em torno da política econômica do novo governo, dado que o processo de transição expôs um direcionamento menos fiscalista que o mercado esperava de um terceiro mandato do presidente eleito. A perspectiva de menos responsabilidade fiscal causou aumento nos juros pré-fixados, corroendo então a atratividade de ações como uma classe de ativos, em especial aquelas ligadas ao consumo doméstico. Os fundos Versa, Fit, Tracker e Institucional FIA caíram -8,1%, -0,4%, -0,7% e -6,4% em dezembro respectivamente. Na carteira de ações dos fundos, as maiores perdas vieram de Lojas Marisa, Grupo Soma, Even, Taurus e Aliansce.
O mercado brasileiro está atravessando um período de volatilidade excepcional devido ao risco do governo embarcar em uma política econômica fiscalmente irresponsável. Concordamos que o direcionamento vindo do novo executivo é pior que o esperado, o que justifica aumentos de prêmios de risco nos ativos brasileiros. Dito isso, acreditamos que os preços atuais descartam a possibilidade de outras instituições brasileiras se contraporem a uma aventura heterodoxa. Ainda achamos que o novo congresso, que é mais conservador/liberal que o congresso que desidratou a PEC da Transição ainda em 2022, seja capaz de segurar o ímpeto do PT pela gastança, se não totalmente, pelo menos o suficiente para que no final não tenhamos o desastre que hoje precifica os mercados. Com isso, mantemos a carteira dos fundos de modo geral inalterada: comprados em ativos domésticos que consideramos ultra baratos.
Agradecemos a confiança depositada.
Atenciosamente,
Equipe Versa
Resultado dos fundos
Atribuição de Performance
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