Resultado Mensal (Novembro/22)

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Novembro foi um mês desafiador para os fundos da Versa. Sofremos pressões em três frentes: (1) um desempenho fraco do Brasil vs. mercados globais; (2) um desempenho ruim da carteira de ações dos nossos fundos em relação ao Ibovespa, nossa principal fonte de financiamento nos fundos long-biased; e (3) um aumento importante das taxas de juros nos títulos pré-fixados brasileiros, o que causou aperto geral das condições financeiras, influenciando portanto os 2 primeiros itens e impactando especialmente nosso fundo macro Versa Tracker. Os fundos Versa, Fit, Tracker e Institucional FIA caíram -43,5%, -25,4%, -27,9% e -18,2%, respectivamente.


A principal causa dessa piora do mercado de capitais brasileiro em novembro foi a adoção de uma postura fiscal desinibida pelo novo governo, evidente em comentários gerais do presidente eleito em defesa de maiores gastos e também pelas negociações de sua equipe em torno da “PEC da Transição”. A PEC, que vem sendo desidratada nos últimos dias, iniciou como uma proposta de retirada do teto de gastos um montante de ~R$200 bilhões durante todo o mandato do novo governo. Nosso economista chefe Tarik explicou neste artigo o quão prejudicial tal proposta seria para a trajetória da dívida pública brasileira, justificando portanto o péssimo humor do mercado no último mês, em especial com ativos sensíveis às taxas de juros.

Nos próximos parágrafos, entramos em mais detalhe sobre os três itens citados acima e explicamos nosso posicionamento para os próximos capítulos da transição de governo.

  1. Descasamento entre Ibovespa e mercados globais. O Ibovespa teve queda de -3,1% em novembro, enquanto nos EUA o S&P 500 subiu +5,4%. Houve um dia específico (10 de novembro) em que esse descasamento tomou uma proporção que nós podemos chamar de “black swan”. Nesse único dia, o Ibov caiu -3,4% e o S&P 500 subiu +5,5%. Dá para contar em uma mão quantas vezes um descasamento desse tamanho ocorreu nos últimos 20 anos. Historicamente os retornos diários do Ibov e S&P 500 não são tão diferentes assim, o que justificava em nossa visão uma posição classificada como “hedge” no S&P 500 para defender os fundos long-biased em um cenário de crise financeira global. Em novembro tivemos a infelicidade de vivenciar exatamente o contrário: uma crise brasileira justamente no mês em que mundialmente se discutia o potencial fim das pressões inflacionárias, das altas de juros e das quedas dos ativos de risco. Quem nos acompanha há algum tempo sabe que carregamos desde dezembro/21 essa posição vendida a descoberto no S&P 500. Do seu início até o fim de novembro, ou seja incluindo as perdas do mês, essa posição trouxe um ganho acumulado de +36,5% para o Versa Long Bias. Ao longo do tempo temos reduzido o tamanho da posição, mas como ela ainda tinha um tamanho relevante em novembro, causou no Versa uma perda de -4,1% no mês.
  2. Performance da carteira de ações Versa vs. Ibov. Além do Ibovespa ter sofrido em relação ao S&P 500 em novembro, nossa carteira de ações sofreu em relação ao Ibovespa. O setor de varejo é preponderante no livro de ações compradas dos nossos fundos. Isso deixou a nossa carteira especialmente sensível ao aumento das taxas de juros. Quando os juros sobem, as ações de empresas do varejo sentem dois impactos negativos (1) redução da perspectiva de vendas, pois aumento de juros comprime o crédito e renda disponível para compras pelos indivíduos; e (2) aumento das taxas de desconto aplicada a lucros futuros das empresas. Isso causou ações de empresas como Lojas Marisa e Grupo Soma a caírem -29% e -21%, respectivamente. Além disso, tivemos uma perda de -8,2% no Versa atribuída à desvalorização das ações do Bradesco após o banco reportar um resultado fraco para o terceiro trimestre. Tudo isso, somado ao fato de termos poucas empresas de commodities na carteira, fez o nosso desempenho ser bastante inferior ao do Ibovespa.
  3. Abertura da curva pré-fixada: Entre o final de outubro e final de novembro os juros pré-fixados com vencimento em 2 anos no Brasil subiram de 11,98% para 13,27%, trazendo de volta o que parecia quase inimaginável semanas atrás: a perspectiva de que o aperto monetário não acabou. O fim do aperto monetário no Brasil, aperto esse que se antecipou ao aperto promovido agora nas economias desenvolvidas, parecia muito próximo do fim. Só uma bomba fiscal poderia reerguer o risco de alta de juros. Em novembro essa bomba veio. A abertura dos juros causou uma perda de -15,5% ao nosso fundo macro Versa Tracker, explicando mais de metade das perdas do fundo no mês.

O que esperar para frente?

Compartilhamos do receio do mercado quanto à política fiscal do novo governo. Nosso desafio hoje é julgar se o estrago potencial já foi precificado. Se já foi, seria um erro mudar de forma abrupta a carteira dos fundos, pois os ativos ficaram extremamente baratos com as quedas recentes. Um ponto importante a considerar nessa decisão é a futura atuação do congresso nacional na defesa das contas públicas, pois sabemos que o congresso eleito tem grande representação de partidos de oposição. Assim como tivemos sinalizações de que a PEC, como apresentada inicialmente, não seria aprovada, podemos imaginar que o novo congresso não dará vida fácil ao governo para levar ao limite sua vontade de elevar os gastos públicos. Isso favorece a possibilidade do mercado desfazer mais um pouco do “pânico” ocorrido principalmente na primeira quinzena de novembro. Com isso, mantemos a carteira de ações long dos fundos praticamente inalterada por ora, mas temos no radar eventuais mudanças caso o cenário “PT gastão” se materialize.

Compreendemos que esse foi um dos meses mais difíceis da história da Versa para seus clientes. Compartilhamos da frustração e do prejuízo e trabalhamos duramente para reverter o mau desempenho.

Agradecemos a confiança depositada.

Atenciosamente,

Equipe Versa

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Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.