Resultado Mensal (Janeiro/22)

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Em janeiro o mercado de ações teve um comportamento raro. Nos EUA a perspectiva de aumentos de juros pelo FED penalizou os principais índices de ações. O S&P 500, o NASDAQ e o Dow Jones caíram -5,3%, -9,0% e -3,3%, respectivamente. Mas no Brasil, o Ibovespa subiu +7,0%. Medida em dólares, a bolsa brasileira subiu mais ainda (+12,7%), refletindo também a apreciação da moeda brasileira em relação ao dólar. Contrariando o movimento visto desde o início da pandemia, o mercado brasileiro “outperformou” o mercado americano. Quem leu nossa carta de dezembro sabe que aqui na Versa estávamos (e continuamos) perplexos com a perda de valor da bolsa brasileira em relação à bolsa americana nos últimos anos. Seja pela persistente desvalorização do real (que faz nossa bolsa cair em dólares) ou pela forte compressão de múltiplos das ações brasileiras nos últimos anos, achávamos e achamos a bolsa brasileira barata em relação à bolsa americana. Nossa visão é calcada na percepção de que o Brasil está “ahead of the curve” no que tange à alta de juros para combater a inflação, o que nos coloca em uma posição relativamente vantajosa diante da alta de juros que ainda virá nos EUA. Como dito na última carta, posicionamos os fundos long-biased da casa para esse cenário no final de 2021. Tal posicionamento (comprados em bolsa brasileira contra bolsa americana) fez do mês de janeiro um dos mais memoráveis da história do Fundo Versa, que chegou a cair -30% até dia 10 de janeiro mas terminou o mês com alta de +10,3%. A posição vendida em S&P 500 foi o maior ganho do mês (+4,99pp). Do livro de ações compradas, tivemos ganhos nas posições em Grupo Soma, BR Partners, Guararapes e Bradesco. Essas posições mais que compensaram as perdas em Sabesp, Multilaser, BR Properties e Direcional.

Desempenho dos fundos em janeiro: Versa +10,3%; Fit +5,2%; Tracker -1,1%; Charger +8,2%

Por que o Brasil Outperformou?

Já explicamos o fundamento por trás de nossa visão positiva para bolsa brasileira vs. bolsa americana. Achamos que há também motivos técnicos. Primeiro, vale mencionar que a perda de investimento dos fundos de ações e multimercados brasileiros para a renda fixa no ano passado provavelmente contribuiu para o barateamento da bolsa brasileira. Em 2021 o brasileiro trocou ações por renda fixa, respondendo diretamente ao aperto monetário do banco central. Agora no início de 2022 chegou a vez do FED falar de aperto monetário. O curioso sobre os EUA, onde mesmo os vencimentos de dívida pública mais longos rendem muito pouco, é que trocar renda variável por renda fixa não é tão trivial. No último ano, a taxa do título de 30 anos americano subiu de 1,87pct aa para 2,07pct aa. Se existe retórica de retirada de estímulos pelo FED, isso ainda não virou prêmio de risco disponível ao bondholder americano. Para virar, o valor de face dos bonds americanos ainda precisa cair. Ao mesmo tempo, segurar ações antes de uma retirada de estímulos/alta de juros parece arriscado, principalmente ações de empresas de tecnologia cujo valor em bolsa depende de forte crescimento e “valor futuro”. Quanto maior os juros, menor esse valor futuro em moeda de hoje. Por último, enquanto a inflação estiver alta, não investir não é uma opção. O americano entrou em 2022 com poucas opções para achar rendimento. Nos parece que ele enfim encontrou prêmio de risco no Brasil. Isso ajudou a bolsa brasileira recuperar em janeiro parte do espaço perdido para a bolsa americana desde o início da pandemia.

O que esperar para frente?

Seguimos posicionados para um cenário de “trégua” no que tange inflação/juros no médio prazo. Aqui no Brasil, acreditamos que o remédio amargo (alta de juros), que penaliza a bolsa e principalmente nossas empresas do setor imobiliário/varejo, está próximo do fim. Nos EUA, acreditamos que ainda está no começo. Isso nos motiva a manter os fundos long-biased da casa comprados em bolsa brasileira contra bolsa americana. Recentemente inclusive zeramos nossas posições em General Motors e Ternium, fazendo frente a essa visão mais cautelosa com ativos de risco no exterior. Finalmente, reiteramos o que dissemos na última carta: os efeitos de política monetária apertada no Brasil podem demorar meses, então não estamos dizendo que os juros no brasil vão cair no curtíssimo prazo. Só achamos que o pior do remédio amargo (incluímos aqui a percepção atual de que a SELIC ainda deve subir até quase 12%) está precificado. Com isso, continuamos comprados em bolsa brasileira, inspirado em stock-picking que pondera preço das ações com seus vetores de geração de valor, com hedge em bolsa americana.

Agradecemos a confiança depositada.

Equipe Versa

Resultado dos fundos

Atribuição de Performance

Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.