Resultado Mensal (Fev/21): Versa -30,0%; Fit -15,2%; Charger -9,4%; Tracker -12,0%

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Na carta de janeiro escrevemos sobre o descompasso do desempenho da bolsa e do câmbio no Brasil em comparação com outros países, fenômeno prejudicial às carteiras dos fundos da Versa desde o início do ano. Lá fora havia esperança de que a vacinação em massa reduziria o estrago da covid-19. Por aqui havia receio sobre: (1) o atraso da vacinação, com riscos de prejudicar a recuperação econômica; e (2) o real compromisso do governo federal com uma agenda econômica liberal, priorizando privatizações e pouca interferência nas estatais.

O mercado estava certo. Nos EUA, os resultados positivos da vacinação contra covid-19 foram claros, principalmente no fim de fevereiro. Números de vacinas administradas, infecções, óbitos e atividade econômica melhoraram de forma importante. Até o momento da escrita desta carta, os EUA já haviam vacinado 16,5% da sua população. O número de casos diários confirmados caiu -73% desde 11 de janeiro. As mortes diárias por covid-19 estavam em ~2.000/dia, queda de -40% do último pico no fim de janeiro. Os pedidos de seguro desemprego na última semana de fevereiro foram -8% menores que os pedidos na última semana de janeiro. Nosso modelo de acompanhamento em “tempo real” da economia americana aponta para um crescimento anual no primeiro trimestre de +3,5%. É alto suficiente para inclusive levantar debates sobre a real necessidade de alguns itens do pacote de estímulos tramitando atualmente no congresso americano. Na semana passada, os juros pagos por títulos do governo americano com vencimento em 10 anos subiram de 1,34% a.a. para 1,54% a.a., reflexo do aumento das expectativas do mercado para a inflação futura nesse cenário de crescimento já significativo e estímulos fiscais duradouros. Se o mercado fosse um corpo doente, essa alta das treasuries seria o recado que diz “o remédio está funcionando, pode reduzir a dose”. Os principais índices de ações americanos (S&P 500 e Dow Jones) subiram +2,6% e +3,2%, respectivamente em fevereiro.

Aqui no Brasil, as estatísticas de infecções, óbitos e utilização de UTIs nos hospitais só pioraram. O país bateu recorde de mortes diárias no dia 13/fev (e de novo em 04/mar). A covid-19 levou 30,9 mil vidas brasileiras em fevereiro/21, praticamente o mesmo número do pior mês da pandemia até então (julho/20, 31,7 mil). No dia 19 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a intenção de substituir o atual presidente da Petrobras, interferindo no trabalho que já descrevemos como a maior recuperação corporativa dos últimos tempos. De novo, o mercado estava certo. O estrago do vírus cresceu, e a agenda liberal do governo enfraqueceu. Com isso, o índice bovespa teve queda de -4,37% no mês. A moeda brasileira perdeu mais 2,5% de valor frente ao dólar americano.

O cenário foi novamente negativo para os fundos da casa. Os fundos Versa, Fit, Tracker e Charger caíram -30%, -15%, -12% e -9%, respectivamente em fevereiro. Sabemos que o desempenho desde o início do ano deixa a desejar. Há três motivos, basicamente: 

  1. Nos fundos long-biased Versa e Fit, trabalhamos com volatilidade acima da média de mercado. Os fundos são desenhados para chacoalhar. Muitos perdem vista disso em períodos de bom desempenho para os fundos (como foi 2020) e se surpreendem com o tamanho de eventuais quedas (como 2021 até então). Vale lembrar que esses fundos são mais adequados para o investidor com perfil de risco mais arrojado. Além disso, o prazo de investimento ideal nesses fundos é longo (3-5 anos). Olhar o desempenho de dois meses é inadequado aos fundamentos desses fundos.
  2. Estamos investidos em teses ligadas ao retorno do mundo e da economia, em linhas gerais, ao que era antes da pandemia. Tomamos essa decisão por acreditarmos que o mundo (e em algum momento o Brasil) vacinará sua população, permitindo aos agentes econômicos voltarem a agir (consumir, investir) como antes. A estratégia inclui apostas na volta do varejo, das lajes comerciais e da demanda por veículos, por exemplo. Isso já acontece lá fora, e nos parece ser questão de tempo até a luz no final do túnel aparecer também para o Brasil. O recrudescimento da pandemia em janeiro e fevereiro castigou bastante essa tese “comprada na volta ao normal”. Mas isso não significa que ela não irá acontecer. Significa que ela pode ter sido adiada. Significa também que ficou mais atrativo do ponto de vista de valuation (ficou mais barato) apostar na normalização se você acredita que ela ainda chegará. Nós acreditamos.
  3. Em linha com o 2o item, outro fator ligado à normalização da economia pós-covid é o câmbio. O dólar saiu de ~4,10 no início de 2020 para ~5,60 hoje. Em diversas janelas de acompanhamento desde então, o real é a moeda que mais desvalorizou nesse período. Não existe modelo matemático que preveja corretamente o nível do dólar no futuro. Mas existem modelos que, ao incorporar vários preços de mercado ligados ao dólar, conseguem explicar sua variação passada. Esses modelos deixaram de funcionar com a pandemia. Se você alimentá-los hoje com os indicadores que antigamente aderiram à trajetória do câmbio, eles te diriam que o câmbio “certo” hoje é abaixo de 5,00. Assim como na bolsa, está atrativo do ponto de vista de valuation investir no real se você ainda acredita que venceremos a pandemia de covid-19 um dia. Nós acreditamos.

Recebemos muitos questionamentos sobre nossa estratégia de investimentos quando os fundos passam por momentos de turbulência. Levamos todos os questionamentos a sério e sempre buscamos avaliar se a estratégia atual é correta para o que esperamos para o futuro. Passados janeiro e fevereiro, seguimos confiantes na estratégia listada nos itens 1 a 3, acima. Porém, no final de fevereiro escolhemos limitar o item 3 ao fundo Tracker, nosso fundo macro, cuja carteira permite mais espaço para investimentos em moedas. Os fundos long-biased Versa e Fit seguem comprados na volta da economia doméstica, focados nos setores citados acima, mas sem exposição direta ao dólar. Por último, alteramos a forma de fazer um componente importante da estratégia dos fundos long-biased. O coração desses fundos é a carteira “long/short”. Até então, fazíamos gestão ativa da carteira short (vendida à descoberto), aplicando os mesmos métodos de stockpicking que aplicamos à carteira long (comprada em ações). A partir de agora, a carteira short será integralmente composta por contratos de BOVA11. O Luiz explica no artigo Gamestop: o fim do livro vendido à descoberto.

Seguimos confiantes em nosso modo de investir. Investimos em empresas boas, baratas e detentoras de vetores de geração de valor no longo prazo. Dentro desse modo de investir, oferecemos três estratégias: long-biased, macro e long-only, cada uma com seu próprio perfil de risco.

Veja nas tabelas abaixo o resumo do resultado do mês com destaque para cada livro e ativo nas carteiras.

Agradecemos a confiança depositada.

Equipe Versa

Resultado dos Fundos

Atribuição de Performance

Destaques positivos

Destaques negativos

Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.