Resultado Mensal (Jan/21): Versa -21,9%; Fit -8,9%; Charger -4,4%; Tracker -9,3%

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Janeiro foi o primeiro mês completo desde que iniciou-se a vacinação contra covid-19 no mundo. Também foi o mês em que o mundo atingiu o pico de infecções diárias da doença. Foi o pior e ao mesmo tempo o melhor momento desde que a pandemia iniciou. A dicotomia apareceu no mercado global de ações. Ações classificadas dentro da categoria “valor” e “cíclicas” tiveram um ótimo mês, visto pelo desempenho do índice americano Russell 2000, que subiu +4,73% em janeiro. O mais conhecido S&P 500 ficou praticamente de lado no mês (-0,48%), mas seus componentes também foram díspares: dos onze setores da economia representados no índice, 6 subiram e 5 caíram. Após essa rotação entre setores, o principal índice de ações do mundo segue negociando perto das máximas históricas.

Aqui no Brasil o Ibovespa sofreu queda de -3,3%, com movimento típico de “de-risking”, ou redução de risco. Do lado da pandemia, acreditamos que pesou a percepção (ampliada pelos eventos recentes em Manaus) de que o Brasil está atrasado no processo de imunização da população contra covid. Até o momento da escrita dessa carta, o Brasil tinha vacinado 1 em cada 100 brasileiros, em linha com outros países emergentes mas aquém do ritmo visto no mundo desenvolvido onde para cada 100 habitantes foram vacinados entre 2-3 na Europa e 9 nos EUA. Tiveram bom desempenho ações ligadas ao dólar e casos específicos como Hapvida e NotreDame-Intermédica (que anunciaram planos de fusão). As perdas do Ibovespa foram concentradas: (1) nas estatais, após a renúncia do presidente da Eletrobrás levantar anseios sobre a agenda de privatizações; e (2) setores ligados à economia doméstica, como imobiliário e varejo. A moeda brasileira foi novamente a pior moeda entre os países emergentes, perdendo -5,11% em relação ao dólar.

Os fundos da casa sentiram o cenário desafiador do mercado doméstico e do câmbio. Os Versa LB, Fit LB, Tracker e Charger caíram -21,9%, -8,9%, -9,3% e -4,4%, respectivamente. 

Quem acompanha de perto a Versa viu os fundos passarem por três fases no último ano. A primeira fase foi entre fev/2020 e mar/2020, período em que a Versa se destacou frente ao resto da bolsa devido à nossa cautela em relação às restrições econômicas ligadas ao coronavírus. A segunda fase foi de abril/2020 até dez/2020, período em que surfamos a recuperação da bolsa diante da re-ascensão da atividade econômica, dos estímulos monetários e fiscais e dos avanços das vacinas contra covid-19.

Agora estamos na terceira fase. De forma geral, as bolsas recuperaram ou até passaram dos patamares vistos antes do coronavírus. Em alguns cantos do mercado (Bitcoin, GameStop, Tesla, S&P 500, algumas commodities), há quem diga que o otimismo já chegou ao ápice, já chegou na bolha. Para quem vê riscos pela frente (retirada dos estímulos, inflação), seria eventualmente o caso de reduzir o risco da carteira novamente.

Mas há outra dicotomia. Existem setores e ações onde a recuperação de abril/20 a dez/20 foi tímida ou inexistente. Em varejo vestuário, destacamos as ações da Hering, Marisa e Guararapes, todas negociando em torno de metade dos valores vistos antes da pandemia. Ainda no varejo, as ações da Vivara estão 17% abaixo do que estavam há um ano atrás. No setor imobiliário, BR Properties, Even e Trisul valem hoje 30% a 45% menos do que valiam antes da pandemia. O setor bancário ensaiou uma recuperação nos últimos meses, mas segue 15% abaixo dos níveis pré-pandemia no caso dos principais bancos privados (Bradesco e Itaú). O Banco do Brasil ainda está 30% mais barato do que estava há um ano atrás. 

As 10 ações citadas são grande parte da carteira dos fundos Versa LB, Fit LB e Charger. Junto com nossa posição vendida a descoberto no dólar, elas explicam o fraco desempenho dos nossos fundos em relação à bolsa nas últimas semanas. Elas também são o motivo do nosso otimismo com a carteira em um cenário onde muitos sinais do mercado inspiram cautela. Seguimos confiantes na recuperação desses negócios após a vacinação da população contra covid-19. Acreditamos que as ações ainda refletem um cenário de pessimismo elevado, justificando mantermos exposição a elas.

Abaixo, damos mais detalhes sobre o desempenho das carteiras em janeiro.

Resultado dos Fundos

Estratégia Versa LB FIM e Fit LB FIM

Estratégia Charger

Estratégia Tracker

Destaques Positivos

O primeiro destaque positivo do mês foi General Motors. A empresa divulgou três notícias positivas em janeiro: (1) para o 4o trimestre, seu volume de vendas cresceu +5% a/a, ajudando a empresa entregar ganhos de participação de mercado nos segmentos de varejo e frotas no ano de 2020; (2) a Microsoft se juntará à Cruise (subsidiária da GM) para desenvolver o sistema de “cloud” necessário para a comercialização de veículos autônomos pela Cruise; e (3) até 2035, a GM comercializará somente carros elétricos, dando peso à meta da Cia de “zero emissions”. As notícias refletem dois pontos importantes em nossa tese de investimento em GM. Primeiro, sua força no mercado “antigo” de veículos movidos a combustão interna, ainda uma fonte importante de geração de caixa para a Cia. Segundo, seu potencial na transformação do setor de transporte com inovação.

O segundo destaque positivo do mês foi a posição vendida a descoberto no índice bovespa. A posição serve como fonte de financiamento para compra das ações preferidas da nossa carteira comprada e seu resultado não deve ser visto de forma isolada.

O terceiro destaque positivo foram as ações da Natura, que caíram -6,6% no mês.

Por último, destacamos duas posições no setor de proteínas: a posição comprada em JBS e a posição vendida em Brasil Foods. Em janeiro, as ações da JBS subiram +2,2% enquanto as ações da Brasil Foods caíram -3,7%. Acreditamos que a recuperação do rebanho de porcos na China esteja finalmente causando a inversão de um importante vetor de geração de valor (gripe suína africana) para empresas de proteínas. Inicialmente, a gripe suína que atacou o rebanho chinês fez faltar carne e sobrar grãos no mundo (isso foi bom para JBS e BRF). A reconstrução do rebanho está revertendo essa situação. O processo é danoso para todas as empresas de proteínas, em especial para a Brasil Foods, cujo faturamento é majoritariamente advindo de porco e frango. Acreditamos que as ações da JBS, uma empresa mais diversificada entre proteínas e geografias, seguem baratas mesmo em cenário de piora sequencial nos resultados por conta desse fenômeno. Digamos que os resultados voltem à normalidade até 2022. Pelos valores de mercado hoje, a JBS está negociando a 3,0x seu EBITDA 2022. A BRF está negociando a 7.0x seu EBITDA 2022, justificando nosso investimento na JBS contra BRF.

Maiores ganhos de janeiro

Destaques Negativos

Como explicado acima, os destaques negativos dos fundos em janeiro vieram de empresas ligadas à economia doméstica (Via Varejo, BR Properties, Vivara), além de nossa posição vendida a descoberta no dólar americano frente ao real. Vale mencionar também nossa posição vendida a descoberto nas ações do Banco Inter, que subiram +34% em janeiro.

Maiores perdas de janeiro

Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.