O mercado global de ações, que sofreu forte de-rating em setembro, testou recuperação importante ao longo de outubro mas cedeu à medida que os dados de infecções de covid-19 voltaram a fazer manchetes na Europa e EUA. O S&P 500 (índice de ações americano) chegou a subir +5% na primeira quinzena do mês, mas caiu -7,5% para fechar o mês com queda de -2,8%. A bolsa brasileira, medida em dólares, teve queda semelhante (-2,9%), com a perda concentrada na moeda, que depreciou -2,4%. Em reais, o índice bovespa caiu -0,7%.
Estamos no meio da temporada de resultados do terceiro trimestre e os números vêm surpreendendo positivamente em setores onde a pandemia machucou menos, ou até ajudou (commodities e bancos). Ambos setores têm grande peso no índice bovespa, portanto ajudaram conter sua queda frente ao S&P 500 em outubro. As ações de commodities foram ajudadas pela alta do dólar mas o setor (e portanto o índice) como um todo foi prejudicado pela queda das ações da Petrobras, essa ligada diretamente ao petróleo que sofreu com a ameaça de mais isolamento social para combater o re-avanço do coronavírus.
Os fundos da casa sofreram com: (1) a alta do dólar, que impactou os fundos long-biased Versa e Versa Fit, além de nosso fundo multimercado Tracker; (2) a queda das ações do setor de varejo doméstico e lajes comerciais, o primeiro pressionado pelos medo de outro isolamento social até a aprovação de uma vacina e o segundo impactado pela alta da curva de juros; e (3) pela persistente alta das ações da Weg, após a empresa divulgar ótimos resultados para o 3o trimestre. A Weg segue negociando a múltiplos altos frente a seus pares e ao histórico da Cia, o que nos faz manter a posição vendida a descoberto.
Os fundos Versa, Fit, Tracker e Charger caíram -9,8%, -3,9%, -3,7% e -1,5%, respectivamente.
Vale ressaltar a convexidade maior do Versa Fit em relação ao seu “pai” Versa. O Fit é composto por metade da carteira do Versa + uma carteira de títulos públicos atrelados à taxa selic (LFTs). Com isso o Fit parte de uma condição onde suas carteiras long e short têm metade do tamanho das do Versa. Essa diferença de base entre os dois fundos faz com que em momentos de grande perda para o Versa a diferença de tamanho das suas carteiras em relação ao Fit cresça. Igualmente, em momentos de grande ganho para o Versa a diferença de tamanho de suas carteiras long e short em relação às do Fit diminui. Se o movimento, para um lado ou para o outro, é repentino e persistente, fica difícil ajustar novamente as carteiras e assim podemos navegar por um tempo fora da meta Fit = Versa * 50%. Esses períodos onde navegamos fora da meta causam uma convexidade maior aos retornos possíveis do Versa Fit, amortecendo sua queda em relação ao Versa nos momentos difíceis. Em momentos de ganhos para ambos fundos, o mesmo efeito limita os ganhos do Versa em relação ao Fit. Isso foi notável no mês de outubro, quando a queda do Fit foi 39% da queda do Versa (menos que metade). No longo prazo, dado sua convexidade maior, o Fit provavelmente terá um pouco mais que metade do retorno do Versa, com somente metade da volatilidade. Portanto sua relação risco/retorno provavelmente será melhor, a exemplo deste último mês.
Resultado Fundos
Estratégia Versa LB FIM e Fit LB FIM
Estratégia Tracker FIM
Estratégia Charger FIA
Destaques Positivos
Do lado positivo, o primeiro destaque do mês foi a General Motors. A empresa lançou mais um modelo de veículo elétrico no dia 20 de outubro (Hummer EV). Além disso, sua subsidiaria Cruise conseguiu autorização para testar veículos autonomos sem a presença de um “back-up driver”. A Cruise é a primeira do setor a conseguir essa permissão na cidade de São Francisco. A GM está seguindo a transformação que acreditamos ser chave para a tese de investimento. É a transformação que pode revelar um componente importante de growth para uma empresa bem gerida e rentável.
O segundo destaque foi Unidas, que reportou ótimos resultados para o trimestre (EBITDA +20% acima do consenso e +13% acima do 3T19).
O terceiro destaque foi a Light, cujas ações subiram +33% com a troca de liderança (Presidente do Conselho e CEO) e mudança no quadro de acionistas da Cia (vinda do Beto Sicupira, que comprou 9,9% da empresa). A Light é conhecida por sofrer altas perdas no mercado de energia elétrica do Rio de Janeiro. Seus nóvos sócios e diretores trazem a promessa de uma recuperação operacional via redução de perdas, que seria positivo para a rentabilidade da Cia.
Por último, as ações dos bancos Bradesco e Itaú recuperaram um pedacinho das perdas acumuladas no ano, após vários bancos la fora e aqui no Brasil reportarem resultados acima do esperado pelo mercado. Montamos a posição comprada em bancos mirando um re-rating das ações à medida que ficasse claro que o impacto da pandemia nos bancos é menor que o esperado (e precificado) pelo mercado. Estamos assistindo o início desse processo. O Bradesco reportou um lucro recorrente +30% maior que o do 2o tri de 2020, mas ainda -23% menor que o do mesmo trimestre do ano passado. Até o fechamento do mês, o Itaú ainda não havia reportado seus resultados, mas suas ações seguiram o setor pra cima.
Destaques Negativos
Como explicado acima, as principais perdas do mês foram as posições vendidas a descoberto em dólar americano e WEGE3, dois ativos que destoam bastante dos fundamentos econômicos de cada um. Metade dos negócios da Weg são em mercados fora do Brasil e se beneficia da alta do dólar, efeito visto em seus resultados nos últimos trimestres e principalmente no desempenho das ações na mais recente desvalorização do real frente ao dólar. Mesmo admitindo o vento a favor, reiteramos nossa visão de que as ações da Weg são caras quando avaliadas em relação à geração de caixa da Cia mesmo quando o dólar está nesses níveis elevados. Também acreditamos que o dólar está exagerado nos níveis atuais, tornando o valuation da Cia vulnerável a correções na moeda à frente.
Finalizando, destacamos as perdas em Lojas Marisa, BR Properties e nas opções de índice, ativos que sofreram com a aversão ao risco ligado a uma potencial desaceleração da atividade econômica com a volta de algum isolamento social diante de um aumento de casos de covid-19 no mundo.
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