Após três meses de sangria nas bolsas globais, os mercados de ações respiraram em abril. O S&P 500 subiu +12,7%. O Ibovespa retomou os 80k pontos, com alta de +10% no mês. Curiosamente foi o mesmo mês em que: (1) o número oficial de infectados pelo coronavírus no mundo saltou de ~855 mil para mais de três milhões de pessoas; (2) as principais economias do mundo reportaram péssimos indicadores de atividade e emprego, reflexo do isolamento social convocado em defesa do sistema de saúde durante a epidemia (leia mais sobre isso em nossas cartas semanais “A Semana Macro”); (3) o setor de petróleo se aprofundou em crise de oferta & demanda, culminando no inimaginável colapso (temporário) de preços para território negativo em 20/Abril; e (4) a expectativa de lucros para as 500 maiores empresas na bolsa americana para o próximo ano caiu -11%, repetindo a queda já forte de maio. A redução de estimativas de lucro no próximo ano para as empresas do Ibovespa foi -20% em abril, acumulando queda de -35% desde fevereiro.
Parece esquizofrenia do mercado de ações, mas como diz o autor do tweet abaixo, é “Stocks 101”. Ações nem sempre refletem o noticiário econômico do momento, e sim uma mistura de variáveis. Em abril acreditamos que o mercado tirou das muitas variáveis uma percepção de que, com o mundo direcionando incontáveis recursos médicos e financeiros ao combate do coronavírus e suas consequências para a sociedade, sobreviveremos para ver cenários melhores para a economia mundial e para a geração de lucros e caixa pelas empresas listadas em bolsa em algum momento. Algumas coisas alimentaram essa percepção: (1) os novos casos diários nos primeiros países com fortes surtos do vírus arrefeceram ao longo do mês (Espanha, Itália, França, EUA); (2) o desenvolvimento de tratamentos/vacinas contra covid-19 está avançando, com 11 vacinas planejadas para entrar na fase de clinical trials já em 2020; e (3) o impulso monetário sendo usado para mitigar os efeitos negativos para as maiores economias do mundo é enorme e sem precedentes em crises econômicas do passado.
Com esse pano de fundo, os fundos da casa tiveram desempenho positivo, com altas de +22,1%, +11,3%, +4,2% e +13,7% para o Versa LB, Versa FIT, Versa Tracker e Versa Charger, respectivamente. Lembrando que os fundos passaram por um período de menor exposição e risco em fevereiro, mas retomamos o tradicional apetite à risco de cada fundo ao longo de março e assim seguimos.
Resultados Fundos
Estratégias do Versa LB FIM e Fit LB FIM
Estratégia do Versa Charger FIA
Estratégia do Versa Tracker FIM
Destaques Positivos
Com exceção das ações Petrobras, os destaques de alta em abril vierem de empresas com negócios predominantemente locais, principalmente do setor de varejo. As ações da Via-Varejo (VVAR3) e Lojas Marisa (AMAR3) recuperaram parte do grande castigo que tomaram em fevereiro e março, acompanhando o cenário que descrevemos acima e embutindo também otimismo com o potencial do canal de vendas online para mitigar a redução de vendas no varejo físico. As ações da Unidas (LCAM3) e Trisul (TRIS3) reagiram ao otimismo geral. As ações da Petrobras reagiram ao cenário global, além de um acordo de redução de produção de petróleo pelos principais produtores no mundo (OPEC+).
Destaques Negativos
É natural que em períodos de alta no mercado os destaques negativos venham do livro de ações vendidas à descoberto. Antes de gerar resultado para os fundos, o livro vendido à descoberto permite uma maior exposição comprada nas ações que mais gostamos, gerando a alavancagem de cada fundo da casa (exceto no caso do Versa Charger). É o mecanismo que faz o Versa o Versa. O maior componente desse livro é o BOVA11, um ETF que mira replicar o desempenho do Ibovespa. Sua alta em abril gerou a maior perda dos fundos da casa. Em seguida vieram quatro empresas com perfil típico ao que buscamos para venda a descoberto: empresas com ações relativamente caras e “queridas” pelo mercado. É o caso da Weg, Natura, Magazine Luiza e NotreDame Intermédica. As ações recuperaram junto ao otimismo generalizado descrito acima.
Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões, baseadas nas expectativas do analista responsável em relação ao futuro. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional. A Versa Gestora de Recursos Ltda., seus sócios e colaboradores, por meio dos fundos de investimentos da casa, podem ou não estarem posicionados em títulos e valores mobiliários de emissores aqui mencionados, de forma que eventualmente influencie nas opiniões e análises aqui presentes.